ESTOU LONGE DE SER SANTA



ESTOU LONGE DE SER SANTA

Nunca me considerei santa, mas chamada à santidade. O encontro com Jesus, com sua Palavra despertou em mim a vontade de imitar os santos no seguimento radical a Jesus Cristo.
Para isso foi necessário dominar meu gênio, vencer meus defeitos, ser humilde e tomar com alegria a cruz de cada dia.

“ Na realidade, longe estou se ser santa.Para o provar, basta apenas o seguinte. Em vez de rejubilar com minha aridez, deveria atribuí-la a meu pouco fervor e fidelidade.
Deveria desconsolar-me por dormir (Já se vão sete anos) em  minhas orações e em minhas ações de graças. No entanto, não me desconsolo... Penso que as criancinhas agradam aos pais, tanto adormecidas como acordadas. Penso que os médicos adormecem os doentes, quando vão operá-los. Por fim, penso que ‘ o Senhor vê nossa fragilidade e lembra-se de que não somos senão poeira’ ( MA 215).

Meu maior sonho foi sempre a oração, mas nunca me foi fácil rezar. O retiro que precedeu a profissão religiosa foi duro, difícil, árido. Não sentia nada. Caminhava sustentando-me na fé e sem saber para onde ia. Deus guiava-me por caminhos obscuros. Nesses momentos, sentia muita paz em meditar o Salmo do Bom Pastor. Sentia a Deus como Pai e Pastor que, embora por vale tenebroso, guiava minha alma sedenta de paz, de luz, de vida.
Nada faltou em minha profissão, nem papai, nem os amigos, nem a presença do papa, que me enviou sua bênção.


“ Meu retiro de profissão foi, pois, como todos os subsequentes, um retiro de grande aridez. Contudo, sem que eu o percebesse, o bom Deus me indicava claramente o meio de lhe agradar e praticar as mais sublimes virtudes. Observei, amiúde, que Jesus não me quer fornecer provisões. Nutre-me, a cada instante, com alimento sempre novo. Encontro-o em mim, sem saber como foi ali parar... Creio, com toda a simplicidade, que é o próprio Jesus, oculto no fundo do meu pobre coraçãozinho, quem me concede a graça de atuar em mim, levando-me a pensar em tudo quanto quer que eu faça no momento presente.

Dias antes de minha profissão, tive a ventura de receber a bênção do Soberano Pontífice. Tinha-a solicitado, por intermédio do bom frei Simeão, para papai e para mim. E muito me consolou poder retribuir a meu querido paizinho a graça que me proporcionara, quando me levou a Roma” ( MA 216).

Nessa terrível aridez e trevas do coração, vivia angustiada. Fazia força para vencer-me e para que os outros não percebessem o que se passava dentro de mim. Ninguém podia imaginar, mas era noite.

“ Achava muito linda a vida do Carmelo, mas o demônio insuflava-me a certeza de que não era feita para mim; que iludiria as superioras, caso prosseguisse num caminho para o qual não era chamada... Tão grandes eram minhas trevas, que não via nem compreendia senão uma coisa: não tinha vocação...”
( MA 217).

 Nesses momentos, só me consolava a certeza de que meu coração precisava de Deus e que Jesus era meu único tesouro.
Não podia suportar sozinha essa terrível noite. Não sabia com quem me confiar. Tinha medo de não ser compreendida.
Tinha medo de que,  se a mestra ou a priora suspeitassem o que se passava dentro de mim, me impediriam de fazer os votos. Mas decidi falar. Nunca devemos enfrentar as noites sozinhos. Caminhando com os outros, a estrada tornar-se mais fácil.

“ Chamei minha mestra e, cheia de confusão, lhe expus o estado de minha alma... Ela, felizmente, viu mas claro do que eu e tranquilizou-me por completo. Aliás, o ato de humildade que eu acabava de praticar afugentava o demônio, que talvez não me julgasse com ânimo de confessar minha tentação. Tão logo acabara de falar, dissiparam-se minhas dúvidas. Todavia, para tornar mais cabal meu ato de humildade, quis ainda comunicar minha estranha tentação à nossa madre, mas ela contentou-se em rir-se de mim” ( MA 217).

Tudo foi resolvido. No dia 8 de setembro sentia-me inundada de paz. Todo sofrimento e dor tinham desaparecido como em um toque de mágica. O sol voltou a brilhar em minha alma.
Claro que não recebi nenhuma graça extraordinária, não foi uma profissão entre trovões e relâmpagos , ou seja, entre graças extraordinárias.
Sentia que meu encontro com Jesus estava acontecendo na presença de todos os santos, especialmente do Carmelo.
Nos momentos de mais íntima oração, lembrei-me de todos. Ninguém podia faltar em meu coração.


“ Senti-me, realmente, como rainha. Por essa razão, valia-me de meu título para libertar os cativos, impetrar do Rei favores para os ingratos súditos . Queria, afinal, libertar todas as almas do purgatório  e converter os pecadores... Rezei muito por minha mãe, por minhas queridas irmãs... por  toda a família, sobretudo pelo meu paizinho, tão sofrido e tão santo... Ofereci-me a Jesus, para que torne perfeita sua vontade em mim, sem que jamais as criaturas ponham obstáculo...” ( MA 218).


FONTE: LIVRO EU, TERESINHA DO MENINO JESUS
PATRICIO SCIADIN, OCD
EDITORA LOYOLA

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