COMENDO BEM, COMENDO MENOS



COMENDO BEM, COMENDO MENOS

Algumas pessoas se refugiam na comida para compensar as tristezas e a depressão. Comer demais pode criar dificuldades para o aparelho digestivo, contribuindo para o surgimento da raiva. Também pode gerar um excesso de energia que se transforma na energia da raiva, do sexo e da violência, se não soubermos lidar com ela.
Quando comemos bem, comemos menos. Precisamos apenas da metade dos alimentos que ingerimos diariamente. Para comer bem, devemos mastigar a comida cerca de cinquenta vezes antes de engolir. Quando comemos bem devagar e transformamos o alimento que está na nossa boca numa pasta quase líquida, observemos muito mais os elementos nutritivos através do intestino. Quando comemos bem e mastigamos cuidadosamente a comida nós nos nutrimos muito melhor do que quando comemos uma grande quantidade de alimentos mas não os digerimos adequadamente.
Comer é uma prática profunda. Quando como, aproveito cada porção da minha comida. Tenho consciência da comida, consciência do que estou comendo. Podemos praticar o comer consciente – saber que estamos mastigando. Mastigar a comida com muito cuidado e alegria. De vez em quando, parar de mastigar e entrar em contato com os amigos, a família ou o sangha – a comunidade de praticantes – à nossa volta. Sentir que é maravilhoso estar sentados mastigando dessa maneira, sem nos preocuparmos com nada. Quando comemos conscientemente, não estamos ingerindo ou mastigando nossa raiva, ansiedade ou projetos. Estamos mastigando a comida que outras pessoas prepararam com amor, e isso, além de ser extremamente agradável, nos faz muito bem.
Quando o alimento na boca se torna quase liquefeito, você sente seu sabor com mais intensidade e a comida adquirir um melhor paladar. Experimente mastigar assim hoje. Permaneça consciente de cada movimento da sua boca. Você descobrirá que a comida tem um gosto delicioso. Pode ser apenas um pedaço de pão puro. Mas  é delicioso. Talvez você possa tomar também um pouco de leite. Eu nunca bebo o leite. Eu mastigo o leite. Quando ponho na boca um pedaço de pão, fico mastigando conscientemente. Você não sabe como pode ser delicioso mastigar um pouco de leite e um pedaço de pão.

Quando o alimento se torna líquido, misturado com a saliva, ele já  está semidigerido, e quando chega ao estômago e ao intestino, a digestão se torna extremamente fácil. Grande parte dos nutrientes contidos no pão e no leite são absorvidos pelo corpo. Você adquire muita alegria e liberdade enquanto mastiga. Quando você come dessa maneira, ingere naturalmente uma quantidade menor de alimentos.
Ao se servir, tome cuidado com os olhos. Não confie neles.
São os olhos que fazem com que você ponha comida demais no prato. Você não precisa comer tanto. Se aprender a comer com consciência e alegria, você se dará conta de que só precisa da metade do que seus olhos mandam você pegar. Por favor, tente. Uma combinação de alimentos bem simples, como abobrinha, cenoura, pão e leite, pode se transformar na melhor refeição da sua vida. É simplesmente maravilhoso.
Muitos de nós  em Plum Village – nosso centro de prática na França – experimentamos essa maneira de comer e mastigar conscientemente, bem devagar. Tente comer desse modo. Vai ajudar seu corpo a se sentir muito melhor, o que será excelente para seu espírito e sua consciência.
Volto a dizer: nosso olho é maior do que a nossa barriga.
Temos que fortalecer nossos olhos com a energia da mente consciente para saber exatamente de quanta comida precisamos. O termo chinês para a tigela de esmola usada pelos monges significa “ o instrumento de medida adequada”. Usamos esse tipo de tigela para evitar sermos enganados pelos nossos olhos. Se a comida chegar à parte de cima da tigela, sabemos que ela é suficiente. Só aceitamos essa quantidade de alimentos. Se você conseguir comer dessa maneira, comprará menos alimentos e assim poderá comprar alimentos cultivados organicamente, que são mais caros, incentivando os agricultores que fizeram a opção de cultivá-los.


FONTE: LIVRO APRENDENDO A LIDAR COM A RAIVA
THICH NHAT HANH
EDITORA: SEXTANTE

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