Resenha do livro Cartomancia





O livro Cartomancia é um completo livro e de fácil compreensão para quem se interessa pelo estudo das cartas ou pela cultura envolta da cartomancia. Foi-me muito enriquecedor, pois participo de um projeto (PIBIC) sobre os ciganos e o processo de escolarização, como temos que compreender mais sobre a cultura cigana, dois livros que me ajudaram bastante foi Os Ciganos na Umbanda e agora a Cartomancia, pois em ambos os livros falam sobre a cultura cigana principalmente a questão do misticismo e a relação com as cartas.

O livro Cartomancia também trás sérios ensinamentos para quem pretende ou é cartomante, a respeito da ética, quanto deve se cobrar pela consulta ao oráculo e o cuidar de si e do outro que o cartomante deve ter. Tem uma citação que achei excelente, é referente ao cuidar de si.

“ A prática de mentalizações, orações e/ou mantras, yoga, alimentação saudável e natural, evitar comer carne, o excesso de bebidas alcoólicas o uso de qualquer tipo de drogas, rituais, praticar dança cigana ou outras danças sagradas que incentivem o desenvolvimento do feminino e conectem o ser as energias da perfeição, proximidade e desenvolvimento do amor e do respeito a Natureza”



Confesso que após terminar de ler o livro me deu muita vontade de comprar cartas e começar a estudar mais sobre elas. O oráculo sempre esteve muito presente em minha vida, minha mãe tem o curso de Tarô, cresci no meio de cartas e tarô, e meu pai iniciou um curso de cartomancia. Enfim, o misticismo sempre foi muito presente em meu lar. Como se não bastasse, minha bisavó era cigana, fui cair numa pesquisa com ciganos. Não sei por que mas o universo ama me empurrar para o misticismo!

Outra parte do livro que muito me chamou atenção foi a iniciação, ou seja, quando você vai consagrar suas cartas. É lindo de se ler, tem um texto que é praticamente uma poesia em formato de prosa a Santa Sara. Me emocionei lendo!

Informações do Livro
Editora: Madras
Autor: José Amud
Páginas: 168
Preço: R$ 27,90

Maiores Informações:  Site da Madras

Resenha do livro Os búzios da Santeria



Eu sou apaixonada pela cultura afro, principalmente o jogo de búzios. É realmente um dom divino, pois não é simples jogar  búzios. Eu não sabia que em Cuba os búzios eram tão valorizados, ate mesmo quanto ciência.



Para quem não sabe, eu sou apaixonada por Cuba e tenho pretensão de ir visitar Cuba, pena que não poderei morar lá pois o governo Cubano prefere que a gente ajude Cuba de longe, ao nos empenhar para construir nosso país. Tenho amigos que se formaram em Cuba, que terminaram Medicina lá e os relatos que eles me contam é lindo de se ver e de se ouvir. Sei que em Cuba eles valorizam muito as terapias alternativas, então é comum o médico ter um trabalho interdisciplinar com as benzedeiras e com os santeiros (jogadores de búzios). Então uma pessoa vai a um santeiro, na consulta se ele percebe que a paciente não está bem, ele próprio encaminha ao médico e nisso o médico e o santeiro chega a realizar uma ação interdisciplinar, pois por meio da consulta com os búzios consegue ter acesso a personalidade e ter um contato mais sensível com o paciente. Isso  é muito lindo. Me pergunto quando o Brasil também será assim?



Outra curiosidade, bem antigamente os búzios eram moeda de troca na costa de Guiné na África. No livro Os Búzios da Santeria ensina como jogar os búzios, na verdade para jogar é ate fácil, a parte complicada é entender o significado, porém no livro explica bem direitinho, ele mescla a interpretação na linguagem brasileira e na linguagem afro. Em cada interpretação, tem mantras e provérbios, além de uma explicação linda sobre o que cada búzio significa (o modo como cai e suas combinações), o lindo é que ele contextualiza as significações com características da cultura afro-cubana. A palavra que decifra a minha sensação ao termino da leitura, é ENCANTADA!


Informações do livro
Editora: Madras
Autor: Fernadez Portugal Filho
Páginas: 184                 
Preço: R$ 29,90
Maiores Informações: Site Da Madras


Resenha do livro “Zé Ramalho, O poeta dos Abismos”





Eu cresci ao som de Zé Ramalho. É muito engraçada a história de amor por Zé Ramalho que minha família tem, a começar por meus pais que quando tinham a minha idade frequentavam os mesmos lugares que Elba e Zé, a exemplo de barzinho universitários na cidade de Campina Grande, tiveram o prazer de ver Zé e Elba cantar bem de pertinho, numa época onde música boa, bar e alternatividade eram visto como fatores próprios de uma geração. 

Herdei de meus pais o amor pela Boemia e um bom barzinho desses que não é modinha (herdei também o amor pelos livros), onde você conhece todo mundo que está em cada mesa, que você pode dançar do jeito que bem quer, que toca uma boa MPB da década 80 e na mesma noite você conhece, poetas, artistas, ativistas e toda sorte de gente.

Se eu já surto de forma cantarolante quando toca Zé Ramalho no barzinho perto da universidade, imagine minha reação ao ganhar a “Zé Ramalho, O poeta dos Abismos”. Sou fã da vida dele, dos erros que um dia ele já cometeu, de sua poesia, de sua espiritualidade alternativa, de suas criticas ao que é certo e errado que a sociedade impõe.

“Zé Ramalho, O poeta dos Abismos”, o  livro é lindo, vou falar de duas partes que foi muito significativa para mim, pois mostra que quando realmente quer algo, ele vai ate ao extremo. A começar que Zé Ramalho era estudante de Medicina e ele largou a universidade para ir em busca de se lançar como cantor, e por sinal fez bem, prefiro o Zé poeta do que o Zé Médico, prefiro o Zé que cura pela poesia do que o que cura pelos remédios.


Outra curiosidade é sobre a música Garoto de aluguel. Em cada capitulo do livro é sobre uma música, nisso mescla-se sobre a vida em si de Zé Ramalho e o que lhe inspirou para escrever tais músicas. Eu sempre tive muita curiosidade em saber como nasceu a música Garoto de Aluguel, pois é uma música linda e uma letra bem forte, do tipo “tapa na cara da sociedade” pois você não sabe se é sobre o término de um relacionamento ou se é sobre algum devaneio que trás crítica a sexualidade e relacionamentos.   “Baby dei-me seu dinheiro que eu quero viver, dei-me seu relógio que eu quero saber quanto tempo falta para lhe esquecer, quanto vale um homem para amar você. Minha profissão é suja e vulgar”. Ate que lendo o livro descobri que assim que Zé chegou ao Rio de Janeiro, ele cantava na noite e também era garoto de aluguel, se prostituia com mulheres mais velhas para poder ter dinheiro para se manter. E eu fico pensando que diferença gritante para nossa geração, a primeira delas é que Zé, Caetano, Gil, Chico Buarque e tantos outros sofreram na pele a opressão política. Sem falar no que eles sofreram para poder gravar seus discos, enquanto hoje basta qualquer pessoa, escrever qualquer música ou hit e jogar na internet, prontamente nasce mais um “sucesso do verão" .


É preciso resgatar o papel do artista, durante séculos os artistas participaram de mudanças sociais sejam pelas artes (Frida que misturava política, critica social e arte), ou pelo seu próprio estilo de vida. Antigamente as periferias eram lugares onde moravam os artistas e todo o público alternativo, hoje nos deparamos com artistas que esqueceram a condição de povo e muitas vezes são marionetes de uma mídia manipuladora.

Lembro que quando viajava com meus pais, seguia todo o caminho cantando as músicas de Zé Ramalho, isso eu tinha 6 anos de idade e já sabia cantar lindamente bem Admirável Gado Novo. Hoje, estou na casa dos 20 e essa música me lembra a luta pela Terra, o povo sofrido que perde seus companheiros na luta por um chão que possa chamar de seu “ é duro tanto ter que caminhar e dar muito mais que receber”

Zé Ramalho é inspiração para militância, na luta aos companheiros pela terra, pela moradia, pela liberdade de expressão e contra toda forma de opressão disfarçada de Ditadura. Zé ramalho é inspiração para nascer novas poesias, um amigo espiritualista, que enxerga em si, nos seus erros uma maneira para ser melhor e se fazer melhor.



“Zé Ramalho, O poeta dos Abismos” é um dos melhores livros que já li na minha vida, juntou amor por um artista, admiração por sua poesia, e qualidade literária. Não sei o que indico mais se são os livro “Ze Ramalho, O poeta dos Abismos” ou toda sua discografia. Leia “Zé Ramalho, O poeta dos Abismos”, escutando suas musicas, é uma experiência incrível pois você percebe como a poesia esconde segredos e muitos mistérios.

Informações do livro

Editora: Madras
Autor: Henri Koliver
Páginas: 360
Preço: R$ 54,60
Maiores informações: SITE DA MADRAS


Minha admiração pela cultura Afro-Brasileira



Minha admiração pela cultura Afro-Brasileira

Existe uma diferença entre não ser racista e desenvolver uma admiração pela cultura Afro-Brasileira. Eu nunca fui racista, porém convivi por um bom tempo da minha vida com pessoas racistas, me indignava com comentários racistas mas ate então pensava: “um dia essa pessoa vai mudar”. E um belo dia, eu mudei de contexto e comecei a entender um pouquinho mais da dinâmica social.

Na época de ensino médio eu estudei em colégio particular e vivia no padrão “branco de ser”, enfim numa bolha social. Você só convive com pessoas muito parecidas, com a mesma dinâmica social, mesma crença, mesmo nível econômico e é impossível você entender certas coisas - se você nunca passou ou nunca irá passar por isso. Ate que passou o tempo, eu cresci, entrei numa universidade pública e meu ciclo de amizades tornou diferenciado. E logo fui apresentada a diversidade social e política. Entendi porque as cotas raciais são extremamente importantes, percebi que existem estatísticas e infelizmente a maioria das pessoas mortas na violência urbana são jovens, da periferia e negro. Que a desigualdade racial está ate mesmo na saúde pública, que a população negra precisa de políticas públicas diferenciadas. É necessário um sistema de saúde pública que também esteja preparado para atender a comunidade quilombola.

Depois de entender que ate as políticas públicas são deficientes, que elas não atendem a população negra e que se o pouco que conquistaram foi a base de muita luta. Realizei uma pesquisa sobre direitos humanos e lutas sociais na construção de políticas públicas para a saúde da população negra, o que eu descobri foi que durante anos o descaso era maior do que hoje e que muitas conquistas foram oriundas de mortes, ou seja, pessoas foram mortas em massacres nas periferias, depois gerou uma onda de protesto e insatisfação que chegou a ONU, para só assim o Brasil criar políticas públicas para essa população - políticas que são cheia de falhas.



Quando comecei a militar em movimentos sociais, chegaram denuncias que pessoas estavam sendo barradas de entrar em shoppings por simplesmente estarem vestidas de forma “precarizada”, por serem negras e da periferia. Ou seja, a repetição do apartheid de espaços para ricos e para negros. Fizemos intervenções com denúncias ao ministério público, jogral e protestos, divulgamos na mídia e promovemos uma onda de debates sobre temáticas relacionadas ao racismo.

Passando um pequeno tempo, falei ao meu orientador que quero estudar a cultura afro-brasileira, ele comprou a ideia e fomos a comunidade quilombola pesquisar. Também conversei com minha supervisora de estágio e também desenvolvemos algumas ações na escola pública qual estagio. E mais uma vez sai impactada, pois o racismo é presente ate em educadores, que também são responsáveis pelas mudanças sociais.

É necessário compreendermos que vivemos numa sociedade desigual, sociedade que nega direitos básicos as pessoas. Instituições tentam o tempo todo promover o esquecimento de certos grupos sociais e tratam determinadas etnias como pecadoras, utilizando argumentos dogmáticos que não passam de copilações de teoria eugenista. Existe uma disputa de terras no Brasil e diariamente negros e índios morrem, pois grileiros tomam suas terras. E os negros que tem chão garantido na cidade, no meio urbano, ainda assim é vitima da violência - seja por assalto ou procedimentos irregulares da segurança pública. Muitos jovens teem morrido ou sendo presos por engano, pois por apenas serem negros já são taxados como bandidos.

Vamos desmitificar isso, quando você vier numa rua não tenha medo apenas do negro, pois pessoas brancas também matam, roubam e estupram. É mais fácil você ser assaltado por algum bandido de colarinho branco do que por um garoto de seus 13 anos que esteja vestido de forma precária, morador de periferia e negro. Não podemos criminalizar uma pessoa só por ela ser pobre e/ou negra, pessoas formadas e filhas da elite também roubam e sabem roubar muito bem.

Eu desenvolvi amor pela cultura afro-brasileira, pois sua cultura é linda. As musicas, as danças, o olhar, a belezas e tantas dificuldades enfrentadas deve nos fazer repensar. Quando eu era criança que eu via rodas de capoeira, eu olhava de uma forma, hoje depois de adulta eu olho encantada. Uma simples dança de roda tem o poder de me contagiar e me convidar não so para entrar na dança mas a repensar tantas desigualdades históricas.

Eu quero entrar num hospital seja ele público ou particular, ser atendida por um médico negro. E quando sair as fotos de formandos - eu quero ver muitas pessoas negras sorrindo e felizes ao comemorar a formatura. Quero ver o negro sendo doutor ate nas novelas em horário nobre. Quero que os livros de história conte a todos o heroísmo de muitos negros, as lutas para criarem uma comunidade quilombola, luta essa que segue ate hoje para manterem seus territórios.


Eu quero que toda vez que os tambores da danças afros começarem a tocar, as pessoas possam dançar e sem ter aquele preconceito religioso de sempre. Quero que os policiais tratem com igualdade a todos e que eles não julguem pessoas suspeitas por uma cor de pele. Quero políticas públicas especiais, uma educação que valorize a cultura afro-brasileira e que zumbi seja exemplo de persistência e resistência. Que as pessoas brancas parem de ter orgulho de serem brancas, tenham orgulho de seu caráter e não da cor de sua pele, pois todos nós temos sangue indígena e sangue negro. Nós somos o escravo que eles não conseguiram matar, somos o índio que eles não conseguiram exterminar. Tenham orgulho de seu povo!


Jéssica Cavalcante

13 COISAS legais que 2013 me trouxe



Esse ano fiquei ausente do blog, pois infelizmente não consegui conciliar a vida acadêmica e social com as atividades virtuais. Os compromissos da universidade aumentaram e consequentemente tive que estudar mais. Todavia, aconteceram coisas legais e o bom é que parte dessas coisas é a justificativa porque fiquei mais tempo fora da internet, mas em 2014 eu tenho três metas: pesquisar mais, ler mais e postar mais no blog. OREMOS!


1-) Passei por três semestres no mesmo ano na universidade, ou seja só faltei morrer de tanto estudar.

2-) Tornei-me pesquisadora em um projeto PIBIC- CNPQ

3-) Conheci uma comunidade cigana e uma comunidade quilombola ( e quase que ia passar férias num assentamento de terras)

4-) Fiz parte da organização que recepcionou os médicos cubanos e foi lindo trocar experiências com eles

5-) De tanto 'reclamar' na universidade, fui convocada para fazer parte de uma comissão de cultura que irá construir políticas públicas de cultura para a universidade qual estudo. Vamos poder organizar eventos e ações que trabalhe a cultura nas mais variadas perspectivas.

6-) Fiz palestra sobre a mercantilização do corpo da mulher e o feminismo na universidade. Também promovemos um debate sobre as políticas públicas para a saúde.

7-) Finalmente comecei minha pesquisa para o TCC (monografia)

8-) Comecei a ler os livros do filósofo Michael Foucault e finalmente entendi as criticas do livro Vigiar Punir e Microfisia do Poder – SIM, agora sou PÓS-ESTRUTUALISTA

9-) Promovi debate sobre a consciência negra na escola qual estagio, fiquei feliz em podermos promover uma valorização a cultura afro-brasileira, porém vi que o pensamento racista ainda é muito presente em espaços educacionais. A educação ainda é muito embranquecida e conservadora. Em 2013 desenvolvi uma paixão pela cultura afro-brasileira. PORQUE TODOS NÓS SOMOS NEGROS!

10-) Fiz palestra na minha área e escrevi um capítulo para o livro de minha professora, a temática é Autismo. E estou apaixonada por essa temática!

11-) Aumentei meu círculo de amigos, me afastei de muitas pessoas que eu confiava e acabei me decepcionando, porém fiz novas e muitas amizades.

12-) Aprendi a tocar Alfaia, quase aprendi a tocar tamborim. E ando apaixonada pelo som das batucadas e pelas danças de roda.

13-) Estou aprendendo a ter “paciência revolucionária”, antes de tomar qualquer decisão é preciso pensar bem e conversar com as pessoas que nos querem o bem. Dialoguei mais com minha mãe, sobre muitos assuntos e eu aprendi que muitos valores devem ser mantidos não importa onde estejamos, mas a compreensão é o segredo para conservar o amor.
  
Que em 2014 tenhamos mais fé e amor a Deus e ao nosso próximo. Não vamos nos angustiar ou ficarmos ansiosos, vamos apenas viver e deixar que Deus, o Universo e a Vida nos façam boas e belas surpresas!

Jéssica Cavalcante

Parado! Isso é um sequestro




Parado! Isso é um sequestro

Foucault diz que instituições como escola, igreja, prisão, manicômios e etc. São instituições de sequestro ou seja retiram um sujeito da sociedade e reformula esse sujeito. Bora analisar, o que a igreja faz? Te introjeta normas e te reformula tornando um “sujeito melhor”. O que a escola faz? Te introjeta normas para melhor lhe preparar para a sociedade. Prisão? Prepara um sujeito para estar de acordo com as normas sociais. Manicômico? Te “cura” para se adequar a “normatização” social ( quer normatizar sujeitos para viver numa sociedade profundamente doente). Hospital? Te cura para lhe reabilitar, para viver numa sociedade (sociedade essa que está profundamente enferma). Asilos ? “te protege” da vulnerabilidade social (onde sabemos que violências ocorrem em grande parte dentro das próprias instituições, a começar pelo nosso discurso).

Quando eu digo que sou contra a todas essas instituições, uso o argumento que isso afere a liberdade humana. A escola sim, afere a liberdade, pois ela impõe o que eu devo aprender e ai de quem discordar das normas da escola que é logo tido como marginal, rebelde e por aí vai os adjetivos. Digo isso, porque estagio numa escola e o que eu mais escuto é “fulaninho é rebelde, indisciplinado e não respeita as REGRAS” (ou “não quer nada com a vida”). Prisão não recupera ninguém, são poucos casos de pessoas que realmente saíram recuperadas sem falar o que essas pessoas tem que passar para saírem “recuperadas”, muitas são obrigadas a seguir uma religião para ter a pena amenizada. Ninguém crer em Deus sendo imposto! Manicômios piorou, pois muitas pessoas são jogadas em manicômios, basta ler o livro o Holocausto Brasileiro, que você verá que ate quem discordava do governo era jogado em manicômios. Sem falar que para tornar o centro do Rio de Janeiro um lugar das elites, na época, eles jogaram muitos mendigos em manicômio. Então quando chegarmos em uma clinica psiquiátrica, não se espante se você encontrar pessoas mais normais do que eu você.

O que eu venho percebendo é a glamourização pelos asilos. Realmente existem asilos que não praticam a violência física, mas eu vou além, violência é poder – e poder existe ate no nosso discurso. A nossa fala é instrumento de poder e poder é uma forma também de violência simbólica. Talvez em um asilo os idosos tenham total acesso a recursos e não sofram nenhum arranhão, mas so o fato de estarem uma instituição “afastados da sociedade” sim já é uma violação de sua condição humana. Por mais que esse idosos estejam em contato com voluntários, estagiários, médicos bem preparados e etc. Ate quando a gente é privado de estar em contato com a diferença social, isso também é uma violência simbólica. Ser humano tem que estar em contato com toda a diversidade que possa existir, não deve viver como se estivesse em uma bolha.

Essa semana vi num programa de TV, que o filho disse a mãe que ia manda-la para um asilo. Você pode me perguntar: “Mas Jéssica você quer que todos os asilos fechem?”. Sim, se possível eles nem deveriam terem sido criados. E muito preocupa essa fetichização pelas clinicas de lucho onde isolam as pessoas. Clinicas de estresse, clinicas de reabilitação e asilos ou casas de repouso me causam calafrios. Arrepios na coluna vertebral. O ser humano não pode ser privado, ele não pode ser posto numa bolha de isolamento ou numa redoma de vidro. A minha critica é, pois a gente se considera normal e classifica alguns como doente e outros como frágeis, onde, nós normais, muitas vezes estamos pedindo socorro.

Classificamos o dependente químico como doente, mas  é a gente que é viciado em sexo, em compras, em comida, em café, em cigarro e por aí vai a lista de vícios e uso de substancias licitas (a começar pelo álcool, é só ver as estáticas das mortes de trânsito). Chamamos o idoso de frágil mas a gente não aguenta a dor da rejeição, a perca de um amor, a reprovação de um projeto e etc.

O doente do hospital a gente trata como tadinho, onde esse sentimento de pena muitas vezes mata mais que a própria doença. Alienamos nossos jovens pois tentamos classificar eles, ou seja, definimos que profissão devem seguir e aconselhamos a escolher a profissão que tenha o maior salário, ninguém leva em consideração a vocação. E a alienação é tanta que a aprovação numa prova alienante que é o vestibular, ainda assim vira instrumento de soberba: “Passei em medicina”, como se a aprovação fosse garantia de sucesso.  Temos mestres e doutores sábios de ciência e mendigo da vida, ate que quando a gente senta no banco da praça no centro da cidade, descobrimos que o mendigo da rua entende mais de filosofia do que nossos mestres.

O que eu quero dizer é que antes da gente olhar para alguém com aquele olhar “segura a bolsa que lá vem marginal”, olhe para si, olhe para dentro de casa e se pergunte quem é o marginal de verdade? Se pergunte quem é o frágil, o doente e o viciado? Não enxergue apenas o que seus olhos lhe mostram, talvez a gente encontre loucura em nossas casas, igrejas, escolas e hospitais do que nos verdadeiros manicômios. Você não é normal, não existe isso de ser normal. Quanto você tira todos os seus rótulos quem você é de verdade?


Jéssica Cavalcante

As paixões são para si mesma

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As paixões são para si mesma

“ Não me diga que eu amo a mim
Mais do que amo você, meu bem
Mas de fato as paixões são pra si mesmas
Não são pra mais ninguém”

Diariamente eu tenho aprendido a amar, a me amar. A gente anda tão bitolada com uma construção de amor que não é nossa, que não nos pertence, que reinventamos modos corretos de amar ou de ser. Não existe um jeito certo, porque nada está certo e a minha condição humana possui natureza incerta.

Teologicamente falando, viemos da imperfeição, nossos pais se reproduziram, pecaram, então nascemos. E a inda assim queremos um jeito perfeito ate para se amar. Poucas pessoas vieram de gestação planejada. Muitos de nós viemos de um erro, de algo fora de hora, de um desejo carnal que logo depois se tornou uma imposição. Então nascemos, alguns foram muito amados pelos pais, outros simplesmente foram tolerados, porque pai e mãe não são santos, ate eles também erram. E como erram! E quando crescemos a primeira coisa que resolvemos fazer é um jeito certo para se amar e o pior para ser amado. Ninguém ama igual, ou você ama mais seu companheiro(a) do que ele(a) lhe ama, e o pior, “na verdade eu acho que amo você melhor que você mesma”.



Então precisamos nos reinventar. Diariamente me deparo com amigos, amigas, e-mails, mensagens e etc. com a mesma frase “acho que amo mais, do que ele/ela a mim”. E eu vou responder sempre a você e principalmente a mim; “é preciso aprender a ser só”. A gente não sabe ficar sozinho, não consegue ficar em silêncio, enfim não nos suportamos. Somos naturalmente patológicos, mas nos consideramos o exemplo da normalidade.

Tem uma música da Elis Regina que se chama “Preciso aprender a ser só”, tem uma parte que decifra a condição humana e é assim “Ah o amor. Quando é demais ao findar leva a paz”. O amor em excesso nos rouba a paz. É uma escolha, ou se ama verdadeiramente, ou se vive em paz, não dá para amar e ter paz ao mesmo tempo. É preciso aprender a amar sua condição humana, não se permitir se machucar por qualquer um ou por qualquer coisa, para assim se ter a paz.

Não podemos permitir que as pessoas nos façam de peteca. Outro dia uma amiga disse que esperava por toda a noite o companheiro dela chegar, e ele nem sempre dava uma justificativa. E eu respondi: “Simples, também o faça esperar”. Sem falar nos casos de amigas que são meigas e em contrapartida recebem desprezo e frieza. Se cuidar é não permitir que as pessoas te firam, é não aceitar a condição de ser tratada como objeto, como coisa.

Gosto muito do que chamam “cuidar de si e cuidar do outro” (Foucault), escuto muito nas aulas, pois a gente que lida com o público/ pessoas tem que aprender a também cuidar de si pois “um doente não cura outro doente”. E realmente, é muito bom se doar as outras pessoas, mas viva, que nem um personagem. Vista uma persona (máscara) para cuidar do outro, e quando você for cuidar de si, vista uma outra persona. Ame, se dedique aos outros, mas também se dedique a você.  Tenha momentos para você, se redescubra e curta estar só.

As pessoas não são perfeitas e você não tem o direito de exigir delas a perfeição ou sua presença. Aprenda a sair só, a ser feliz só, não permita que as pessoas ditem como você deve ser, simplesmente seja o que lhe der vontade de SER. E se por acaso, alguém quiser dividir com você SUA felicidade e a felicidade dela, se permita, mas sem exigências porque um dia todos hão de partir.

Jéssica Cavalcante


 
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