As paixões são para si mesma

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As paixões são para si mesma

“ Não me diga que eu amo a mim
Mais do que amo você, meu bem
Mas de fato as paixões são pra si mesmas
Não são pra mais ninguém”

Diariamente eu tenho aprendido a amar, a me amar. A gente anda tão bitolada com uma construção de amor que não é nossa, que não nos pertence, que reinventamos modos corretos de amar ou de ser. Não existe um jeito certo, porque nada está certo e a minha condição humana possui natureza incerta.

Teologicamente falando, viemos da imperfeição, nossos pais se reproduziram, pecaram, então nascemos. E a inda assim queremos um jeito perfeito ate para se amar. Poucas pessoas vieram de gestação planejada. Muitos de nós viemos de um erro, de algo fora de hora, de um desejo carnal que logo depois se tornou uma imposição. Então nascemos, alguns foram muito amados pelos pais, outros simplesmente foram tolerados, porque pai e mãe não são santos, ate eles também erram. E como erram! E quando crescemos a primeira coisa que resolvemos fazer é um jeito certo para se amar e o pior para ser amado. Ninguém ama igual, ou você ama mais seu companheiro(a) do que ele(a) lhe ama, e o pior, “na verdade eu acho que amo você melhor que você mesma”.



Então precisamos nos reinventar. Diariamente me deparo com amigos, amigas, e-mails, mensagens e etc. com a mesma frase “acho que amo mais, do que ele/ela a mim”. E eu vou responder sempre a você e principalmente a mim; “é preciso aprender a ser só”. A gente não sabe ficar sozinho, não consegue ficar em silêncio, enfim não nos suportamos. Somos naturalmente patológicos, mas nos consideramos o exemplo da normalidade.

Tem uma música da Elis Regina que se chama “Preciso aprender a ser só”, tem uma parte que decifra a condição humana e é assim “Ah o amor. Quando é demais ao findar leva a paz”. O amor em excesso nos rouba a paz. É uma escolha, ou se ama verdadeiramente, ou se vive em paz, não dá para amar e ter paz ao mesmo tempo. É preciso aprender a amar sua condição humana, não se permitir se machucar por qualquer um ou por qualquer coisa, para assim se ter a paz.

Não podemos permitir que as pessoas nos façam de peteca. Outro dia uma amiga disse que esperava por toda a noite o companheiro dela chegar, e ele nem sempre dava uma justificativa. E eu respondi: “Simples, também o faça esperar”. Sem falar nos casos de amigas que são meigas e em contrapartida recebem desprezo e frieza. Se cuidar é não permitir que as pessoas te firam, é não aceitar a condição de ser tratada como objeto, como coisa.

Gosto muito do que chamam “cuidar de si e cuidar do outro” (Foucault), escuto muito nas aulas, pois a gente que lida com o público/ pessoas tem que aprender a também cuidar de si pois “um doente não cura outro doente”. E realmente, é muito bom se doar as outras pessoas, mas viva, que nem um personagem. Vista uma persona (máscara) para cuidar do outro, e quando você for cuidar de si, vista uma outra persona. Ame, se dedique aos outros, mas também se dedique a você.  Tenha momentos para você, se redescubra e curta estar só.

As pessoas não são perfeitas e você não tem o direito de exigir delas a perfeição ou sua presença. Aprenda a sair só, a ser feliz só, não permita que as pessoas ditem como você deve ser, simplesmente seja o que lhe der vontade de SER. E se por acaso, alguém quiser dividir com você SUA felicidade e a felicidade dela, se permita, mas sem exigências porque um dia todos hão de partir.

Jéssica Cavalcante


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