PORQUE JESUS PREFERIA
EXPLICAR SUA DOUTRINA ATRAVÉS DE PARÁBOLAS?
RAMATÍS –
Certas tribos da Judéia e adjacências, com as quais Jesus tivera contato mais
assíduo, entendiam-se entre si através do emprego pitoresco de parábolas. O
Mestre, inteligente e intuitivo, percebeu que essa expressão verbal era o mais
perfeito veículo para ensinar sua doutrina aos homens de sua época e também
sintetizá-la de modo a servir para a humanidade futura.
A parábola é o meio
apropriado para os fins de comparação e Jesus passou a empregá-la para
despertar a mente das criaturas mais simples e sem cultura disciplinada. Ele
era um apaixonado pela análise da Natureza e constantemente recorria aos seus
fenômenos e objetivos, comparando-os com
os acontecimentos da vida humana. Dava-lhes a feição de coisas que
pareciam vivas e se mantinham em estreita relação, com se a Terra fosse apenas
a ante-sala do céu, onde o homem primeiramente devia limpar suas sandálias. Os
seus princípios mais altos, ele os pôde formular através dessa correlação
constante das parábolas e das coisas animadas e inanimadas, às quais
acrescentava o seu sublime toque de poesia espiritual. Os homens então o
entendiam facilmente e se prendiam à suavidade e às ilações filosóficas que Jesus tirava da queda de uma folha,
do murmúrio do regato, da mansuetude da pomba, da importância do tesouro
enterrado ou da singela semente no solo. Sentiam-lhe o pensamento muito antes
dele chegar à conclusão moral ou filosófica do que dizia; embeveciam-se ante a beleza e a força das
imagens que sabia compor em simbiose com o encanto da Natureza. Os
acontecimentos mais severos e os fatos mais complexos assumiam tons de ternura
e feição familiar, que cativavam e penetravam com a força do bom-senso.
Através da parábola, Jesus
fazia resumidas narrativas e oferecia
admiráveis lições de moral superior, que eram entendíveis em qualquer época e
em qualquer latitude da vida humana. Ele sabia modelar as frases e escoimá-las
do trivial, do inócuo e do inexpressivo
transformando a mais singela pétala de flor no centro de um acontecimento
de relevante fim espiritual. Nas
parábolas, ele punha toda sua tática e inteligência, pois o mais insignificante
fenômeno da Natureza transfundia-se na força de um símbolo cósmico. Os seus
ensinamentos estão repletos de comparações singelas, mas sempre ligadas à vida
em comum dos seres, que atravessaram os séculos e se transformaram em conceitos
definitivos, constituindo-se num repositório de encantamento para a redenção
humana.
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Os provérbios, os
aforismos e os adágios de senso comum de certos povos e tribos, sob o quimismo
espiritual de Jesus valiam por ensinamentos eternos; eram frases que ondulavam
sob a brisa cariciosa do seu Amor e penetravam fundo na alma dos homens.
Simples conceitos e máximas aldeãs iluminaram-se à guisa de princípios
filosóficos inalteráveis. O modo peculiar de uma gente entender-se entre si
desdobrou-se num processo de análise e revelação em favor do entendimento da
vida eterna. Só mesmo a força criadora de um Anjo e o sentimento excelso de um
Santo, conjugados à sabedoria cósmica de um Sábio, seriam capazes de modelar
preceitos eternos sob a argila das palavras mais insignificantes.
Aqui, a diminuta semente
de mostarda serve para explicar a Fé que move montanhas e cria os mundos. Ali, a
parábola do talento enterrado adverte quanto à responsabilidade do homem no
mecanismo da vida e da morte. Acolá, o jogo e o trigo simbolizam a seleção e
divisão profética dos “ bons” e dos “pecadores” no seio da humanidade. Enfim, as
parábolas foram o maravilhoso recurso de que Jesus se serviu para ajustar o seu
pensamento avançado e transmiti-lo de modo entendível aos conterrâneos. Elas
oferecem um tom de responsabilidade e o seu conteúdo é sempre de nobre
significado moral, no sentido de despertar a reflexão sobre a Verdade, que deve
ser o fundamento da vida eterna do Espírito.
RAMATÍS
O SUBLIME PEREGRINO
OBRA PSICOGRAFADA POR
HERCÍLIO MAES
EDITORA DO CONHECIMENTO
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