CAMPANHA CONTRA DIRIGIR ALCOOLIZADO










Álcool e Trânsito




O uso abusivo de álcool interfere negativamente na vida do usuário, seja em termos individuais, seja em seu entorno social imediato ou na sociedade como um todo. As implicações sociais do abuso de álcool merecem atenção especial, uma vez que produz efeitos sobre a economia por gerar, por exemplo, grandes gastos aos cofres públicos ao requerer consideráveis investimentos do sistema de saúde, judiciário e de outras instituições sociais. Dentre os danos sociais decorrentes do uso abusivo de álcool, os acidentes automobilísticos merecem destaque. Em países desenvolvidos como os EUA e Canadá, esses acidentes são a conseqüência de saúde mais relevante associada ao consumo exagerado de álcool, com conseqüente impacto econômico uma vez que, ou as vítimas necessitam de algum tipo de assistência à saúde ou há o envolvimento de vítimas fatais.
Nos Estados Unidos, conforme dados epidemiológicos relacionados às conseqüências do consumo de álcool, no trânsito1, tem-se observado que:
  
1. De todos os acidentes de carro que tenham envolvido o uso de álcool, ocorridos no ano de 2002, 4% resultaram em morte e 42% em ferimentos graves. Dos acidentes de carro que não envolveram o uso de álcool, 0,6% resultaram em morte e 31% em ferimentos graves;

2. Indivíduos do sexo masculino têm uma chance maior de se envolver em acidentes fatais. Em 2002, 78% dos indivíduos que morreram em acidentes automobilísticos eram homens, sendo que 46% das mortes estavam relacionadas ao consumo de álcool;

3. A maioria das fatalidades, relacionadas ao consumo de álcool, acontece mais prevantemente entre adultos de faixa etária de 21 a 45 anos.  O uso de álcool está relacionado a 23% das fatalidades entre menores de 16 anos, 37% entre indivíduos de 16-20 anos, 57% entre indivíduos de 21-29 anos, 53% entre indivíduos de 30-45 anos e, finalmente, 38% das fatalidades entre indivíduos de 46-64 anos;
4. Acidentes de trânsito fatais ocorrem com maior freqüência durante a noite ou nos finais de semana, dentre os quais 77% ocorreram entre as 18hs e 6hs;
5. Jovens com alcoolemia até 0,2 g/L tem 1,5 vezes a mais de chances de sofrer acidentes com vítimas fatais. A partir de 0,2 g/L o risco aumenta para 2,5 vezes, para todas as faixas etárias. Com 0,5 g/L, esse risco aumenta para 6 vezes a mais em comparação ao condutor sóbrio.2

No Brasil, constatou-se que 38,4% dos adultos (que têm carteira de habilitação e costumam beber) possuem o hábito de associar bebida à direção, sendo esse um grande motivo de preocupação. Estudos pontuais e regionais apontam que a ingestão de bebidas alcoólicas é uma das principais causas de mortes por causas externas.
Um estudo retrospectivo de todas as autópsias dos casos de morte por acidentes de trânsito, ocorridas no ano de 1999, apontou que aproximadamente 50% dos óbitos estavam associados ao uso de álcool. Além disso, os acidentes de trânsito foram a segunda causa de morte mais freqüente (Tabela 1). Em consonância com os dados norte-americanos, o comportamento de beber e dirigir parece ser mais comum entre os homens (Tabela 2).



Tabela 1 -   Vítimas de morte por causas externas, do 

ano de 1999, autopsiadas no IML-SP
 
Tipo de morte
n.º de casos
     %
Homicídios
5 284
49,16
Acidentes Trânsito
2 360
21,96
Morte Suspeita
1 232
11,46
Outros
1 045
09,72
Sem história
420
03,91
Suicídios
408
03,80
Total
10 749
100,00
Fonte IML - Sede- São Paulo (1999)
Tabela 2 -  Distribuição das mortes por acidentes de trânsito em relação à
presença de alcoolemia positiva e ao sexo da vítima. 3


Alcoolemia
Grupo geral
Homens
Mulheres*
Negativos
1 251  (53%)
1058  (50,1%)
193 (77,2%
Positivos
1 109  (47%)
1052  (49,9%)
57 (22,8%)  
Total
2 360
    2110 
    250
Observação: 2110 casos de homens = 89, 41% de todos os acidentes; 250 casos de mulheres = 10,59% de todos os acidentes
      Tabela 3 - Análise estatística da idade (anos) das vítimas fatais, no ano de 

1999, do Instituto Médico Legal de São Paulo  (IML-SP) distribuídas pelo sexo e 

alcoolemia3
Idade
Homens
Mulheres
grupo geral
n= 2110
Negativo
n= 1058
Positivo
n= 1052
grupo geral
n= 250
Negativo *
n= 193
Positivo *
N= 57
Média
36,2
36,5
35,9
41,3
43,2
27,5
Desvio-padrão
15,3
17,5
12,7
19,2
19,9
11,5
Mediana
34
32
34
39
42,5
34
(* p<0,05 = idade  das vítimas do sexo feminino com alcoolemia positiva é diferente da idade das vítimas com alcoolemia negativa)

Legislação


Adaptando-se às pressões políticas e populares, o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503, de 1997) vêm sofrendo mudanças para adequar-se às tendências mundiais de controle de embriaguez no trânsito. Por iniciativa do Deputado Federal Hugo Leal, à Medida Provisória 415 (MP 415) (que versava originalmente sobre a proibição da venda de bebidas em estradas federais) foram adicionadas novas redações de dois artigos relacionados ao álcool. O artigo 165  passou a determinar como infração “Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa que determine dependência” e o artigo 276 passa a ter redação “Qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 deste Código” e a ter como parágrafo único “Órgão do Poder Executivo Federal disciplinará as margens de tolerância para casos específicos”, prevendo casos em que possa haver contestação do resultado positivo por interferências endógenas ou exógenas.
 A nova redação do artigo 277-
“§ 2º A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor;
§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo”. Permite impor as penas da lei mesmo que o condutor se recuse a passar pelo teste do etilômetro e, na ausência do mesmo, dá autoridade ao policial para fazer uma avaliação do estado de embriaguez do condutor.
A nova redação do artigo 306 - Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência - estabelece como crime, punível com detenção de seis meses a três anos, conduzir com o nível de álcool no sangue determinado pela legislação anterior como o que define a embriaguez, estabelecendo que a concentração é, por si só, um perigo para a incolumidade dos pedestres e dos outros condutores.4
A Medida Provisória, agora aprovada e em vigor, sob a lei nº 11.705/08 só aguarda uma regulamentação do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) para os casos específicos de tolerância. Até que isso aconteça, o decreto 6.488, publicado no mesmo dia que a lei, admite um índice de tolerância de 0,2 gramas de etanol por litro de sangue (0,2 g/L), o equivalente a 0,1 mg de etanol por litro de ar alveolar expirado, detectável pelo bafômetro.
Em relação a outros países, o Brasil passa a ser bastante rígido no controle do beber e dirigir. Nota-se uma tendência ao 0,8 g/l na América do Norte e ao 0,5 g/l nos países europeus5:
País
Limite (g/L)
País
Limite (g/L)
Alemanha
0,5
Itália
0,5
Brasil
0,2*
Japão
0,3
Canadá
0,8
Noruega
0,2
Croácia
0
Portugal
0,5
Espanha
0,5
Reino Unido
0,8
Estados Unidos
0,8
Rússia
0,3
França
0,5
Suécia
0,2
                                              * Segundo o decreto 6488; pendendo regulamentação do CONTRAN
De forma geral, a nova legislação é mais rígida em relação ao comportamento de beber e dirigir, e estabelece dois níveis, um para infração (com perda do direito de dirigir e multa) e outro para crime (com detenção de até três anos), visando, assim, diminuir a acidentalidade decorrente do uso do álcool pelos condutores.



Acidentes de trânsito relacionados ao 




álcool ao redor do mundo


Os acidentes de trânsito são um problema de preocupação mundial e que acarretam um número excessivo de mortes por ano. Muitas delas são relacionadas ao álcool, porém com proporções variáveis, como se pode notar na figura a seguir:
Adaptado de [6]
Interferentes

Existe a possibilidade do teste do bafômetro acusar um resultado positivo após o uso de certos medicamentos (xaropes e sprays), sucos de frutas mal-acondicionados, alimentos e produtos de higiene pessoal (enxaguante bucal), ainda que a concentração de álcool seja bastante pequena.
Algumas situações raras, tais como dieta restrita em carboidratos e a produção de álcoois diferentes daqueles presentes em bebidas alcoólicas (isopropanol, por exemplo), também podem ocasionar um resultado falso positivo, ou seja, o indivíduo não está sob efeito do etanol, mas alguns bafômetros registram um sinal positivo.
Medicamentos que contém em sua composição alguma concentração de etanol (sprays para asma, sprays para mau-hálito, enxaguantes bucais, descongestionantes nasais, etc) podem, se a medida for feita imediatamente após a aplicação, ocasionar um resultado positivo.
Embora os medicamentos homeopáticos e fitoterápicos (ex.: Florais de Bach) apresentem maior concentração de etanol, ao serem administrados na ordem de gotas, não alcançariam concentração alcoólica sanguínea e alveolar significantes e suficientes para dar um resultado positivo no teste do bafômetro.
No caso de bombons de licor, a quantidade de álcool presente em uma unidade está abaixo do limiar detectável pelo bafômetro (aproximadamente 0,04g/L/unidade). Porém, o consumo de maiores quantidades pode ser detectado. Assim, em linhas gerais, é importante destacar que o álcool exerce seu efeito independentemente de sua forma de apresentação. Apesar do risco de uma pequena concentração de álcool ser detectada, em função da ingestão de certos medicamentos ou alimentos, a recomendação científica é que o teste (bafômetro) seja repetido depois de 15 minutos da primeira tentativa, eliminando possíveis interferentes.
Para finalizar, é importante considerar que, em média, o álcool é depurado a uma velocidade de 0,15 g/l/hora, de tal forma que uma pequena dose de 0,2 g/l (correspondente, aproximadamente, a um copo de chopp ou cerveja; uma taça de vinho; meia dose de uísque, pinga ou outros destilados) levaria cerca de uma hora e meia para ser totalmente eliminada.



Consumo e Alcoolemia


A alcoolemia é a quantidade de álcool por litro de sangue. Há grande variabilidade, mesmo para parâmetros não contemplados nas tabelas a seguir, como estado de saúde, conteúdo gástrico, composição da refeição, entre outros.
As tabelas a seguir mostram valores aproximados e representam valores médios da população (clique para aumentar). Os valores de alcoolemia estão expressos em gramas de etanol por litro de sangue (g/l).



 




Adaptado de [1]


NÍVEIS DE EMBRIAGUÊS




Direção de veículos motorizados após

 consumo abusivo de bebidas 

alcoólicas, Brasil, 2006 a 2009



De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo abusivo de álcool seria responsável por 3,7% das mortes e 4,4% das doenças no mundo. Dentre as principais causas de morbimortalidade associada ao uso de álcool, destacam-se os episódios de violência e os acidentes de trânsito.

O consumo de álcool promove alterações neuromotoras significativas e importantes na direção de veículos motorizados. Estudos mostram que concentrações de álcool no sangue a partir de 0,3 g/l (aproximadamente uma dose de bebida alcoólica, equivalente a 14 g de álcool) produzem diminuição da atenção, falsa percepção da velocidade, euforia e dificuldade de discernir espacialmente distintas luminosidades. Concentrações de 0,6 g/l ocasionam aumento no tempo de reação e sonolência, enquanto concentrações de 0,8 g/l reduzem a visão periférica e prejudicam o desempenho em atividades rotineiras.

Essas evidências científicas fundamentaram a implementação da Lei nº 11.705 no Brasil, em junho de 2008 (popularmente conhecida como “Lei Seca”), que reduziu para zero o nível de alcoolemia permitido para condução de veículos automotores, aumentando a penalidade administrativa (para qual foi fixada uma margem de tolerância de 0,2 g/l, posteriormente) e criminalizando o condutor que apresentasse níveis superiores a 0,6 g/l.

Com o intuito de avaliar se houve mudanças nas proporções de adultos que dirigem alcoolizados nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, após a instituição da Lei nº 11.705, um recente estudo analisou a freqüência de dirigir após consumo abusivo de bebidas alcoólicas (mais de cinco doses para homens e mais de quatro para mulheres em uma mesma ocasião, nos últimos 30 dias), entre 2007 e maio de 2009.

Este estudo foi baseado numa amostra de indivíduos (≥18 anos) entrevistados por telefone pelo sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (VIGITEL) do Ministério da Saúde, que totalizou 54.251 indivíduos entrevistados em 2007, 54.353 em 2008 e 22.009 em 2009 até o mês de maio.

Os dados referentes ao ano de 2008, para o conjunto das 27 cidades avaliadas, mostraram que 1,5% (n=815) dos indivíduos referiram ter dirigido, em pelo menos uma ocasião nos últimos 30 dias, após o consumo abusivo de álcool, sendo essa proporção significativamente maior em homens (3,0%) do que em mulheres (0,3%). Em 2007, estas freqüências foram de 2,0% na população geral, sendo de 4,0% para homens e 0,3% para mulheres.

Nos meses anteriores à implantação da Lei nº 11.705, a freqüência de beber e dirigir se manteve entre 1,8% e 2,2%, diminuindo para 1,3% em julho de 2008, mês seguinte à promulgação da nova Lei. A menor freqüência observada foi de 0,9% em agosto de 2008, voltando a crescer em setembro e outubro, mas caindo novamente no início de 2009. Por fim, no mês de maio de 2009, a freqüência registrada atingiu seu máximo em toda a série histórica (2,8%).

Esses resultados mostram que, nos primeiros meses depois da implantação da Lei, houve uma redução da condução de veículos após a ingestão abusiva de bebidas alcoólicas, o que pode estar relacionado à ampla divulgação feita pela mídia nacional acerca desse assunto e à grande adesão da medida pela população. No entanto, nos meses de novembro e dezembro de 2008, e mais adiante, como no mês de maio de 2009, a freqüência de beber e dirigir voltou a aumentar, sugerindo que uma retomada do comportamento anterior à Lei pode ter ocorrido nesses períodos.

Os autores concluem que os resultados do presente estudo revelam a importância da Lei nº 11.705, bem como a necessidade de uma maior e contínua conscientização da população e de manutenção das medidas de fiscalização, uma vez que os dados apresentados pelo VIGITEL mostram uma realidade preocupante sobre o comportamento do “beber e dirigir” na população brasileira.
Título: Direção de veículos motorizados após consumo abusivo de bebidas alcoólicas, Brasil, 2006 a 2009Autores: Moura EC, Malta DC, Neto OLM, Penna GO, Temporao JGFonte: Rev Saude Publica. 2009 Oct;43(5):891-4.IF: 0.963 



SE BEBER NÃO DIRIJA



O consumo responsável de bebidas


 alcoólicas,

feito por indivíduos saudáveis com mais de


 18

anos, é parte da vida em sociedade. Desde


 os

tempos antigos é utilizado em celebrações.


Entretanto, este consumo, além de


 moderado,

nunca deve estar associado à direção.



Efeitos do Álcool




O álcool é um depressor do Sistema 
Nervoso Central e age diretamente 
em diversos órgãos, tais como o 
fígado, o coração, vasos e na parede
 do estômago.
Em pequenas quantidades o álcool
 promove uma desinibição, mas com
 o aumento desta concentração o 
indivíduo passa a apresentar uma
 diminuição da resposta aos estímulos,
 fala pastosa, dificuldade à 
deambulação entre outros. 
Em concentrações muito altas,
 ou seja, maiores do que 0.35 
gramas/100 mililitros
 de álcool o indivíduo pode ficar comatoso ou 
até mesmo morrer.
Os efeitos do álcool variam de intensidade de 
acordo com as características pessoais. 
Por exemplo, uma pessoa acostumada a
 consumir bebidas alcoólicas sentirá os
 efeitos do álcool com menor intensidade,
 quando comparada com uma outra 
pessoa que não está acostumada a beber.
 Um outro exemplo está relacionado a 
estrutura física; uma pessoa com 
uma estrutura física de grande porte
 (considerando altura, massa muscular
 e gordura) terá uma maior resistência 
aos efeitos do álcool. Outros fatores 
estão associados ao metabolismo do 
indivíduo, vulnerabilidade genética, 
estilo  de vida e tempo em que o 
álcool é consumido
A Associação Médica Americana
 (The American Medical Association)
 considera como uma concentração
 alcoólica capaz de trazer prejuízos 
ao indivíduo 0.04 gramas/100 millilitros
 de sangue. 1
A tabela abaixo correlaciona os níveis
 de concentração de álcool no 
sangue (CAS) e os sintomas clínicos 
correspondentes.

Quadro 1 - Estágios da intoxicação pelo álcool 2


BAC
(g/100 ml

 de 

sangue

ou g/210

 l de ar 

respirado)
Estágio
Sintomas clínicos
0.01 - 0.05
subclínico
Comportamento normal
0.03 - 0.12
Euforia
Euforia leve, sociabilidade,indivíduo

 torna-se mais falante.

Aumento da auto-confiança, desinibição,

 diminuição da atenção, capacidade de

 julgamento e controle.

Início do prejuízo sensório-motor 

Diminuição da habilidade de desenvolver

 testes
0.09 - 0.25
Excitação
Instabilidade e prejuízo do julgamento e 

da crítica

Prejuízo da percepção, memória e 

compreensão

Diminuição da resposta sensitiva e 

retardo da resposta reativa

Diminuição da acuidade visual e visão 

periférica

Incoordenação sensitivo-motora,  prejuízo

 do equilíbrio

Sonolência
0.18 - 0.30
Confusão
Desorientação, confusão mental e 

adormecimento

Estados emocionais exagerados

Prejuízo da visão e da percepção da cor,

 forma, mobilidade e dimensões

Aumento da sensação de dor

Incoordenação motora 

Piora da incoordenação motora, fala

 arrastada

Apatia e letargia
0.25 - 0.40
Estupor
Inércia generalizada

Prejuízo das funçõesmotoras

Diminuição importante da resposta aos 

estímulos

Importante incoordenação motora

Incapacidade de deambular ou coordenar

 os movimentos

Vômitos e incontinência

prejuízo da consciência, sonolência ou

 estupor
0.35 - 0.50
Coma
Inconsciência

Reflexos diminuídos ou abolidos

Temperatura corporal abaixo do normal

Incontinência

Prejuízo da respiração e circulação

 sanguínea

Possibilidade de morte
0.45 +
Morte
Morte por bloqueio respiratório central

Indivíduos que fazem uso crônico de grandes 
quantidades de álcool, com o passar do
 tempo, podem desenvolver complicações 
em diversos órgãos tais como: esofagites, 
gastrites e úlcera; esteatose,
 hepatite e cirrose hepática; pancreatite;
 deficiências vitamínicas, demência e câncer.
Critérios de uso, uso nocivo ou dependência
 de álcool
Podemos chamar de uso, qualquer consumo
 de bebida alcoólica, mesmo que episódico
 ou esporádico.
Indivíduos que bebem eventualmente, 
mas que exageram nestas ocasiões, 
podem vir a ter problemas legais, de 
saúde ou familiares decorrentes deste uso.
 Diz-se que tais indivíduos fazem um
 uso nocivo do álcool.
A dependência ocorre quando o 
consumo de determinada substância
 é compulsivo, ou seja, o 
comportamento do usuário está 
fundamentalmente voltado para o
 impulso de ingerir o álcool, continuamente
 ou periodicamente, com a finalidade de 
obter um estado de alteração da 
consciência, prazer, evitação ou diminuição
 de sintomas de abstinência e cuja 
intensidade é capaz de ocasionar 
problemas sociais, físicos e ou psicológicos.
Os casos de abuso, dependência ou 

abstinência do álcool devem ser tratados. 3



Dependência de Álcool ou Alcoolismo



A décima versão da Classificação Internacional das 
Doenças (CID-10)estabeleceu diretrizes 


diagnósticas para a dependência.

O conceito de dependência envolve os seguintes critérios:

1. desejo intenso ou compulsão para ingerir bebidas alcoólicas. 

2. tolerância: necessidade de doses crescentes de álcool


 para atingir o mesmo efeito obtido com doses 


anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor


 com uma mesma dose da substância;

3. abstinência: síndrome típica e de duração limitada


 que ocorre quando o uso do álcool é 


interrompido ou reduzido drasticamente.

4. aumento do tempo empregado em conseguir, 


consumir ou recuperar-se dos efeitos da substância;


 abandono progressivo de outros prazeres ou


 interesses devido ao consumo.

5. desejo de reduzir ou controlar o consumo


 do álcool com repetidos insucessos.

6. persistência no consumo de álcool mesmo


 em situações em que o consumo é


 contra-indicado ou apesar de provas evidentes




 de prejuízos, tais como, lesões hepáticas causadas


 pelo consumo excessivo de álcool, humor deprimido


 ou perturbação das funções cognitivas relacionada ao


 consumo do álcool.


De acordo com o CID-10, para que se caracterize 


dependência, pelo menos três critérios devem estar 


presentes em qualquer momento durante 


o ano anterior.


Entre os indivíduos dependentes,


 há diferentes níveis de gravidade que dependerão


 da presença de sintomas de abstinência e da


 quantidade e impacto das perdas e 


prejuízos advindos do uso da substância.3




DIRIGIR SOB A INFLUÊNCIA

DO ÁLCOOL


Para dirigir você precisa ter atenção e

 foco.

Deve ter também controle total de seus


 reflexos na hora

 de

pegar o volante para evitar perigo a si


 mesmo, a seus

passageiros e a qualquer um na rua.

Dirigir bem e com responsabilidade requer 


poder de


decisão, reflexos rápidos, habilidade para


 antecipar

acidentes e perfeita coordenação motora. 


Ao fazer uso

do

álcool, você começa a desenvolver 


problemas de

 percepção,

coordenação motora e concentração, o 




que afeta sua

habilidade de dirigir bem. Seus reflexos 


também ficam



prejudicados, assim como o seu 


comportamento: sem

perceber, você começa a subestimar os 


riscos.

Sua visão periférica, audição, habilidade 


de julgar

 distâncias

e reflexos diminuem e você pode ter uma 


grande

 dificuldade

em, por exemplo, desviar

de um objeto na rua.





DESTILADOS X  FERMENTADOS


Autores: M. Grønbæk, U. Becker, D. Johansen, A. Gottschau e P. Schnohr
Fonte: Annals of Internal Medicine; 133(6): 411-419, 2000. (http://www.annals.org

  1. FERMENTAÇÃO E FERMENTADOS
A fermentação é o processo inicial da formação de álcool etílico (etanol ou etOH) a partir de glicose, sacarose e frutose (Gl, Fr e Sc). É um conjunto de reações especificamente bioquímicas realizadas a partir de três fatores fundamentais: presença de açúcares (Gl, Fr e Sc), microorganismos que sejam capazes de transformar esse açúcar em etOH e gás carbônico e ausência de oxigênio. Os microorganismos responsáveis por essas reações são as leveduras. As leveduras são uma espécie de “bolor” e são encontradas na natureza ou “criadas” em laboratórios. Entre as leveduras, a utilizada para esse processo é a Saccharomyces cerevisiae.  A fermentação alcoólica ocorre devido ao fato de que as células de levedo produzem a energia que lhes é necessária para sobreviver, através de dois fenômenos de degradação da matéria orgânica: a respiração que necessita do oxigênio do ar ou a fermentação que ocorre na ausência de oxigênio do ar. A fermentação alcoólica corresponde a uma má utilização de energia. Assim, a levedura necessita transformar muito açúcar e álcool, para assegurar suas necessidades energéticas. Nessas condições a multiplicação da levedura é pequena; ao contrário, o rendimento da transformação do açúcar em álcool é grande, em relação ao peso da levedura. A composição exata do açúcar foi determinada por Gay-Lussac. Por isso as concentrações alcoólicas são descritas em “ºGL”.
Algumas bebidas provêm do processo de destilação; entre elas destacaremos: cerveja e vinho.
1.1. VINHO


O vinho é o produto obtido através da fermentação alcoólica total ou parcial da uva fresca, uva mostada ou mosto de uva. O mosto da uva é obtido através do esmagamento da mesma. A composição do vinho está diretamente ligada com a origem da uva.
A composição do vinho é basicamente álcool (20% aproximadamente) e água (80% de água vegetal resultante da fermentação). Também resultam de sua fermentação outros compostos basicamente orgânicos que têm por finalidade os sabores, odores e coloração.


1.2. CERVEJA


      As cervejas podem ser classificadas pelo teor de álcool, de extrato, pelo malte e de acordo com o tipo de fermentação: alta e baixa. Existe ainda uma classificação pela legislação brasileira. Uma cerveja de alto teor alcoólico pode ter, no máximo 7% (menos que o vinho, que tem, em média, 12%, e da cachaça, que tem entre 40% e 50%). O teor de extrato, por sua vez, pode determinar a quantidade de calorias e, junto com o tipo de malte, a cor da cerveja. As denominações “baixa fermentação” e “alta fermentação” referem-se à posição em que fica o levedo no tanque, no final da fermentação.
A primeira fase do processo produtivo ocorre na chamada sala de fabricação, onde as matérias-primas (malte e adjuntos) são misturadas em água e dissolvidas, para que se obtenha uma mistura líquida açucarada chamada mosto, que é a base para a futura cerveja.
Os processos envolvidos são:
- Moagem do malte e dos adjuntos;
- Mistura com água;
- Aquecimento para facilitar a dissolução;
- Transformação do amido em açúcar pelas enzimas do malte.
-  Filtração para separar as cascas do malte e dos adjuntos
-  Adição do lúpulo;
-  Fervura do mosto para dissolução do lúpulo e esterilização;
-  Resfriamento.
O processo de produção do mosto baseia-se exclusivamente em fenômenos naturais, tendo grande semelhança com o ato de cozinhar. A fase fundamental é a transformação de amido em açúcar por meio das enzimas do malte enzimas são substâncias que ocorrem na natureza e que são a chave da vida: todos os fenômenos envolvendo os seres vivos – respiração, crescimento, procriação, etc. – são regulados por enzimas.
1.3. BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS DOS FERMENTADOS

Em 13 estudos, reunindo 209 418 pessoas, o risco de desenvolvimento de doença vascular associado ao consumo de vinho mostrou-se menor (30% de diminuição). Em 10 outros trabalhos, fortes evidências apontaram para o comportamento de curva em J quando vinho e doença vascular foram relacionados. Consumo de até 150 ml por dia de vinho foi protetor. Tomados juntos, estes 10 estudos pesquisaram 176 042 pessoas. O consumo moderado de cerveja, avaliado em 15 trabalhos envolvendo 208 036 pessoas, mostrou redução aproximada de 20% no risco vascular. Por outro lado, não foi possível notar diferenças entre distintas quantias de ingestão de cerveja e risco vascular em 7 estudos que avaliaram juntos 136 382 pessoas.
Na análise de 26 trabalhos sobre consumo de vinho, cerveja e risco vascular, que existe uma relação inversa entre consumo leve a moderado de vinho com doença vascular. Existe relação semelhante, porém menor, entre cerveja e o tipo de doença em análise. O que dificulta esta afirmação, segundo os autores, é o fato de não se ter encontrado relação entre diferentes quantias de ingestão de cerveja e risco vascular.(www.circulationaha.org.)
    A cerveja foi é a bebida que mais apresenta correlação com os episódios de gota.
    Apesar de todos esses benefícios citados em estudos sobre os fermentados, vale destacar que apesar de possuírem concentração alcoólica menor eles são bebidas alcoólicas e causam dependência e os mesmos malefícios que qualquer outro tipo de bebida que contenha álcool em sua composição.  
            
  1. DESTILAÇÃO E DESTILADOS:
Quando dois ou mais compostos estão presentes dentro de um mesmo recipiente ou dentro de uma mesma molécula, podemos chamar de “mistura”. As misturas entre líquidos, geralmente são homogêneas, ou seja, elas não são visíveis a olho nu e não são separáveis por qualquer processo
O processo de destilação foi inicialmente criado para tornar puros líquidos impuros. É  um processo essencialmente físico - químico que consiste na separação de dois ou mais líquidos através das diferenças de pontos de ebulição. (TEMPERATURA EM QUE UM LÍQUIDO EVAPORA). Os alquimistas utilizavam a destilação para separarem suas “poções” , as indústrias farmacêuticas utilizam a destilação para descoberta de novos medicamentos e as indústrias petroquímicas a utilizam basicamente para separar os derivados do petróleo.
É um processo relativamente simples e barato. Quando dois líquidos estão misturados em uma mesma amostra, eles são submetidos à elevação de temperatura. Quando essa mistura entra em ebulição, os vapores formados são resfriados e condensam, sendo recolhidos em outros recipientes. Esses líquidos condensados são “puros”, ou seja, como cada substâncias química tem seu ponto de ebulição, há como prever em qual temperatura há separação do líquido desejado.
Algumas bebidas provêm do processo de destilação; entre elas destacaremos: cachaça (pinga), uísque e vodka.


2.1 CACHAÇA (PINGA).



O caldo da cana formado pelo processo de fermentação de bactérias e leveduras, apresenta em sua composição compostos sólidos, líquidos e gasosos. Os sólidos não são separados, porém os líquidos e gasosos são essencialmente obtido pelo processo de destilação.
A temperatura ou ponto de ebulição da mistura situa-se entre 92,6º a 95,9ºC. À medida que os vapores são condensados, com uma composição mais rica em álcool , o ponto de ebulição vai diminuindo.
Ao entrarem em contato com as paredes da coluna do alambique e com o deflegmador ou capelo a uma temperatura mais baixa que o seu ponto de ebulição, parte dos vapores condensa e desce na coluna sob a forma líquida.
Durante o processo de destilação, os vapores vão ficando cada vez menos ricos em álcool, diminuindo o grau alcoólico da mistura condensada ou da cachaça recolhida.
Geralmente o teor alcoólico das pingas varia em 45 - 50 V/V (45% a 50% de álcool para o restante de água).


2.2 UÍSQUE



As origens da destilação do uísque de malte na Escócia remotam pelo menos à época dos monges do século XV. A arte da destilação do uísque é extremamente conhecida, porém ainda não se sabe ao certo a origem dos sabores.
A produção do uísque é complexa, cara e artesanal, dividida em 5 etapas:

  • Maltagem:


A Cevada de melhor qualidade é primeiro deixada de molho e, seguidamente, espalhada sobre eiras de maltagem para germinação neste processo, são ativadas enzimas que convertem o amido em açúcar. Após seis ou sete dias de germinação, a menos de 70°C lança-se turfa no fogo para dar sabor proveniente do fumo.

  • Mistura da Pasta:

O malte seco é moído e transformado numa farinha grossa, que é misturada com água quente a 67-68°C  à medida que se enche o tonel da pasta. A pasta é agitada, o que ajuda a converter os amidos em açúcar. Depois da mistura da pasta, o líquido doce e açucarado que fica é chamado mosto. Será feita pelo menos mais uma passagem a uma temperatura ligeiramente superior.
  • Fermentação

O mosto é arrefecido até 20°C  e bombeado para cubas de fermentação, onde se junta levedura e começa a fermentação. A levedura viva alimenta-se dos açúcares, produzindo álcool e pequenas quantidades de outros compostos conhecidos por congêneres, que contribuem para o sabor do uísque. Depois de dois dias, a fermentação é encerrada e inicia-se outro processo.

  • Destilação

O líquido é destilado duas vezes, primeiro no alambique do líquido, a fim de separar o álcool da água, levedura e resíduo chamado "cerveja de alambique", cujos sólidos são também aproveitados para uso em produtos de alimentação animal. O produto da destilação do alambique do líquido, chamado "vinhos inferiores", e contendo cerca de 20% do volume de álcool, passa então para o alambique do extrato destilado para a segunda destilação.

  • Envelhecimento

O líquido alcoólico acabado de destilar, incolor e ardente, reduzido à graduação de maturação, com 63% do volume de álcool, é deitado em barris de carvalhos novos, ou usados previamente para uísque escocês, bourbon ou xerez.

         
2.3 VODKA



A vodka é um destilado obtido a partir de grãos ou tubérculos. Este destilado é depois diluído em água até a concentração desejada. Neste sentido, diz-se que a verdadeira vodka russa é aquela com teor alcoólico de 40% em peso. Os grãos para produção são de cereais e os tubérculos são principalmente batata e beterraba.
Extrato obtido no processo de fermentação da cana-de-açúcar ou da batata-doce, do qual se produz a vodka. Estas tendem a um sabor mais adocicado.
A vodka tem um diferencial dos outros destilados, ela possui uma etapa de aromatização que tem por finalidade a retirada de odores e sabores indesejáveis.


2.4. BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS DOS DESTILADOS.


Em quantidades semelhantes de etanol ingerido o risco do surgimento de câncer de boca foi maior naqueles que bebiam destilados e cachaça com mais freqüência. O risco relativo (chance de desenvolver a doença em estudo) aumentou com o incremento de doses por semana, mas quando comparado a maior ingestão de álcool (dose cumulativa total) o consumo de vinho e cerveja foi protetor para surgimento de câncer.
Verificou-se, também que pessoas com um consumo moderado de álcool (1 a 2 drinques por dia) tiveram um risco de desenvolvimento dos sintomas 33% a 56% menor quando comparados com pessoas abstinentes. O efeito protetor do álcool neste estudo foi mais evidente para pessoas que ingeriram vinho ou cerveja, quando comparados com a ingestão de destilados, que teve um efeito protetor menor.


A RESSACA


Efeitos da intoxicação aguda por álcool ("Ressaca")




A “ressaca” do álcool, ou veisalgia (do norueguês kveis, “mal-estar após devassidão/libertinagem”, e do grego algia, “dor”), parece ser a maneira que nosso organismo tem de nos lembrar sobre os perigos do consumo excessivo de álcool. A ressaca sempre se associa à intoxicação aguda de álcool; inicia-se cerca de 6 a 8 horas após o consumo (período em que a concentração de álcool no sangue diminui e retorna a zero, em média) e pode durar até 24 h. Ela é caracterizada por efeitos físicos e mentais adversos, com uma variedade de sintomas de “mal-estar”, sendo os mais comuns: dor de cabeça, náuseas, problemas de concentração, boca seca, tontura, desconforto gastrintestinal, cansaço, tremores, falta de apetite, sudorese, sonolência, ansiedade, e irritabilidade. No entanto, há uma variação muito grande desses sintomas (de pessoa para pessoa e de ocasião para ocasião), impossibilitando uma definição exata da ressaca1,2.
Existem várias hipóteses para explicar o aparecimento e a gravidade da ressaca. Além da quantidade de álcool consumida, outros fatores relacionados ao consumo propriamente dito (intervalo de tempo do consumo ou o tipo de bebida) podem influenciar o aparecimento da ressaca. Fatores psicológicos também parecem estar envolvidos, assim como a vulnerabilidade à dependência de álcool (como predisposição genética). Por exemplo, filhos de pais dependentes de álcool, mais vulneráveis à dependência, apresentavam ressacas mais graves do que filhos de não-dependentes, em condições comparáveis de freqüência e quantidade de álcool consumido3. A presença de alguns traços de personalidade em indivíduos com histórico familiar de alcoolismo também tem sido relacionada com a gravidade da ressaca4. Tal situação poderia favorecer o consumo de álcool, visto que, somado à vulnerabilidade genética, os indivíduos poderiam consumir mais álcool com o intuito de aliviar a sintomatologia da ressaca. Entretanto, ainda são necessários outros estudos a fim de estabelecer uma relação entre diversos fatores (genéticos e psicossociais), os efeitos do álcool e a ressaca.
Com relação à prevalência da ressaca na população em geral, presume-se que ela seja muito elevada. Alguns estudos mostram que 75% das pessoas que consumiram doses intoxicantes de álcool tiveram ressaca pelo menos uma vez na vida. Enquanto 50% dos bebedores freqüentes (consumo de uma ou duas doses por dia, de acordo com estudo5) apresentaram ressaca no último ano, 90% dos estudantes bebedores pesados episódicos (definido pelo estudo como o consumo de 5 ou mais doses em uma única ocasião) haviam sofrido ressaca5. Em geral, as pesquisas sugerem que a ressaca é um fenômeno muito prevalente, mas ainda há poucos estudos epidemiológicos para determinar com mais precisão e, especificamente, a real prevalência da ressaca em populações diferentes.


CUSTOS ECONÔMICOS DERIVADOS DA RESSACA

A ressaca é uma experiência relativamente muito freqüente entre as pessoas que consomem álcool e tem sido associada a um alto custo econômico. Contudo, é difícil separar os efeitos da ressaca dos efeitos do álcool em geral, com relação aos custos econômicos envolvidos. No trabalho e em ambientes acadêmicos, grande perda econômica associa-se a conseqüências negativas do álcool e da ressaca, como o absenteísmo (falta ao trabalho), baixa produtividade ou baixo desempenho, maior número de acidentes de trabalho e conflitos interpessoais.
Uma pesquisa nos Estados Unidos, com 2.805 trabalhadores, mostrou que o álcool afeta diretamente cerca de 15% dos trabalhadores. Mais especificamente, este estudo estimou que, entre os trabalhadores, 9,23% trabalham com ressaca, 1,68% trabalharam sob os efeitos do álcool, 1,83% beberam antes de trabalhar e 7,06% beberam durante o horário de trabalho. Assim, os custos derivados de trabalhadores que exercem a sua atividade de trabalho enquanto estão de ressaca seriam maiores do que os custos derivados de trabalhadores que bebem durante a jornada de trabalho, trabalham sob a influência de álcool, ou bebem antes do trabalho6.

A FISIOLOGIA DA RESSACA (Figura 1)

A fisiologia da ressaca é intrigante por seus sintomas se apresentarem somente após a (quase) completa eliminação do álcool e de seus metabólitos do organismo, geralmente no dia seguinte ao consumo excessivo de álcool. Existe a crença popular (não comprovada cientificamente) de que a desidratação é a principal causa dos sintomas da ressaca. Sugere-se que a ressaca e a desidratação sejam dois processos independentes que ocorrem concomitantemente, por meio de diferentes mecanismos.
Na ressaca, há mudanças fisiológicas significativas em parâmetros endócrinos (aumento nas concentrações de vasopressina, aldosterona e renina), além de acidose metabólica (redução do pH do sangue devido ao aumento de lactato, corpos cetônicos e ácidos graxos livres). Estes efeitos são também relacionados com a desidratação, podendo causar os sintomas como boca seca e sede. Como o álcool, por si mesmo, também induz a desidratação, durante a ressaca (ou durante/após o consumo não-exagerado de álcool) é essencial reidratar-se o máximo possível. Estima-se que o consumo de 50 g de álcool em 250 ml de água (aproximadamente 4 doses) causa a eliminação de 600 a 1000 ml de água em algumas horas7: o álcool é diurético (por aumentar a concentração de vasopressina, ou hormônio antidiurético) e alguns de seus efeitos, como suor, vômito e diarréia (comuns na ressaca), ainda promovem mais perda de água no organismo.
Há muitas hipóteses para explicar a fisiologia da ressaca. No entanto, todas explicam apenas parcialmente os diferentes aspectos da ressaca, ou como vários fatores são capazes de modificar seu surgimento e gravidade. Seguem abaixo as teorias mais aceitas ou discutidas atualmente, segundo Verster (2008)1, Stephens e colaboradores (2008)8, e Prat e colaboradores (2009)2.


a) A ressaca como resultado dos efeitos diretos do 
álcool em diferentes sistemas fisiológicos

Vários sintomas da ressaca podem ser explicados pelos efeitos diretos do álcool sobre diferentes sistemas fisiológicos. Contudo, as sobreposições existentes entre os processos fisiológicos e os diversos sintomas da ressaca dificultam o esclarecimento sobre os mecanismos envolvidos. Por exemplo, a dor de cabeça, um dos sintomas mais relatados durante a ressaca, pode ser explicada pelos efeitos de vasodilatação do álcool, ou pelo aumento de prostaglandinas e citocinas. Os efeitos do álcool, relacionados à ressaca, mais estudados recentemente são sobre o aumento de citocinas, alteração no sono e hipoglicemia.
O álcool aumenta as concentrações de algumas citocinas pró-inflamatórias, que seriam potenciais responsáveis pelos efeitos mais “cognitivos” da ressaca, como perda de memória e alterações de humor9. A diminuição da memória na ressaca estaria relacionada à ativação do sistema imunológico, que se comunica diferencialmente com o sistema nervoso central (SNC). Os efeitos causados por citocinas são muito semelhantes a diversos sintomas da ressaca, como dor de cabeça, náusea, diarréia e cansaço, sugerindo que os processos subjacentes poderiam ser os mesmos5. Outros estudos verificaram uma relação entre os níveis de citocinas e transtornos da memória em seres humanos10,11.
A hipoglicemia induzida pelo álcool pode afetar o funcionamento cerebral, levando a estados de fraqueza, cansaço e mudanças de humor, conforme observados durante a ressaca. No entanto, é preciso lembrar que a hipoglicemia induzida pelo álcool varia de acordo com o metabolismo de cada pessoa e também da ocasião em que o álcool é consumido (se o indivíduo se alimenta antes ou durante o consumo de álcool, a indução de hipoglicemia é muito menor)12.
O consumo de álcool também pode provocar alterações do sono, por interferir na atividade do cérebro e nos níveis de hormônios que regulam o sono e o “relógio biológico”. Alguns dos sintomas da ressaca são significativamente relacionados à duração e qualidade do sono, e não exatamente à quantidade de álcool consumido. Alguns autores observaram que, logo após a ingestão de altas doses de álcool, há diminuição da latência do início do sono13. No entanto, com a diminuição de álcool no sangue, período em que os sintomas da ressaca surgem, ocorrem alterações no padrão de sono e perda na qualidade do sono. Dessa maneira, os efeitos do álcool no sono poderiam explicar o cansaço e disfunção cognitiva observados durante a ressaca1,2.


b) A ressaca como conseqüência dos efeitos de  
congêneres nas bebidas alcoólicas

As bebidas alcoólicas contêm diversos congêneres, que são compostos quimicamente relacionados ao álcool, produzidos durante a fermentação alcoólica ou adicionados durante o processo de produção da bebida, incluindo o metanol, aminas, amidas, cetonas, polifenóis, e outras substâncias que dão sabor e cor às bebidas alcoólicas. Esses congêneres podem exercer diversos efeitos no organismo, sendo os efeitos tóxicos considerados potenciais causadores de alguns sintomas da ressaca.
Um dos congêneres mais estudados é o metanol, cujo metabolismo se correlaciona com o estabelecimento da sintomatologia da ressaca14 e também exerce diversos efeitos no SNC. Nota-se que as bebidas alcoólicas com maiores níveis de metanol induzem mais efeitos tóxicos e ressaca. Em paralelo, o consumo de bebidas alcoólicas com alta concentração de congêneres (vinho tinto, uísque, conhaque e tequila) aumenta a freqüência e intensidade dos sintomas da ressaca, em comparação a bebidas “claras”, como rum, gin e vodka, geralmente com pouco aditivos15.


c) A ressaca como uma crise de abstinência


Uma hipótese sustenta que a ressaca seria como uma primeira fase de abstinência alcoólica aguda, com base em vários pontos em comum na sintomatologia da ressaca e abstinência, tais como: dor de cabeça, náuseas, tremor e prejuízo cognitivo. Muitas vezes, as pessoas bebem para aliviar esses sintomas, tanto na ressaca ou na crise de abstinência; porém, o uso do álcool como um “remédio” para a ressaca não permite a recuperação do organismo, e o álcool continua a exercer seus efeitos.
Pelo fato da sintomatologia ser semelhante, foi sugerido que ambos os processos talvez envolvam um mecanismo biológico comum. Contudo, diversos estudos apontam para uma série de diferenças entre a ressaca e a abstinência alcoólica: as alterações hormonais e hemodinâmicas são diferentes; a síndrome de abstinência requer o consumo de álcool anterior e contínuo de grandes doses de álcool por um longo período de tempo, enquanto a ressaca pode surgir após uma única ingestão de álcool; durante a ressaca não há uma diminuição da atividade cerebral, ao contrário da hiper-excitabilidade do SNC observada durante a abstinência de álcool. Sendo assim, a maior parte dos pesquisadores acredita que a ressaca é um fenômeno diferente da abstinência alcoólica.


d) A ressaca como resultado dos efeitos do acetaldeído

No organismo, o álcool é metabolizado pela enzima álcool desidrogenase e transformado em acetaldeído (substância tóxica ao organismo). Este, por sua vez, é metabolizado pela enzima acetaldeído desidrogenase e transformado em acetato, gás carbônico e água. Em altas concentrações, o acetaldeído é capaz de produzir efeitos tóxicos adversos (como taquicardia, sudorese, náusea e vômito); e, como estes sintomas também estão associados à ressaca, alguns pesquisadores têm sugerido que este metabólito pode contribuir para ressaca. Entretanto, alguns estudos mostram que o acetaldeído não é acumulado em concentrações tão altas no organismo durante a ressaca. Assim, o papel do acetaldeído na ressaca ainda não está bem estabelecido.



CONCLUSÕES


Provavelmente, a ressaca é uma das conseqüências negativas da ingestão aguda de álcool mais vivenciada pela população geral. No entanto, este fenômeno não foi totalmente elucidado, apesar de sua elevada prevalência (principalmente em jovens) e os custos econômicos gerados por ela. As pesquisas científicas ainda caminham lentamente, sendo limitadas principalmente pela falta de um instrumento validado para medir a ressaca (devido à grande variabilidade e subjetividade dos sintomas). Além disso, a maioria dos estudos relatados em humanos, até o presente momento, não foi capaz de avaliar uma grande amostra de pessoas, geralmente apresentando menos de 200 indivíduos. Outros fatores como o impacto do gênero, alimentos e fumo sobre a gravidade da ressaca também merecem atenção no futuro. Há vários aspectos que precisam ser esclarecidos, a fim de prevenir e reduzir as conseqüências negativas clínicas, econômicas e sociais relacionadas à ressaca. 


ELIMINANDO ALGUNS MITOS



1- Seu fígado pode apenas metabolizar o 


álcool gradativamente,

independentemente de quanto


 você bebeu.

Quanto mais você bebe, mais tempo você


 permanecerá

embriagado até o fígado metabolizar todo o 


álcool.


2-Nem ducha fria nem exercício ajudam

a acabar com a embriaguez. Para se

ter uma noção, apenas 3% do álcool

é eliminado através da transpiração.

Algumas pessoas também acreditam

que um café forte pode deixar lúcido.

Ledo engano. O café pode até deixar

acordado, mas não evita que se cometa

alguma imprudência.


3-Se você está acostumado a beber e não 


sente os

efeitos na hora, não se deixe enganar. Você 


pode não se

sentir bêbado, mas o álcool continua lá no 


seu sangue.


4-Comer enquanto você ingere bebida

alcoólica diminui a velocidade da passagem

do álcool para o sangue, mas não

evita que o nível de álcool

continue subindo.


5-O corpo demora uma hora para eliminar 15 


mg de

álcool, o que corresponde a uma taça de 


vinho de 150 ml

ou uma lata de cerveja de 350 ml.


6-Dependendo do quanto você bebeu, é 


provável que

seja preciso esperar muito mais do que uma 


hora para

o nível de álcool baixar no sangue até o 


limite permitido

para você dirigir. Como a eliminação do 


álcool ainda

depende do metabolismo de cada um, a 


recomendação é:

se beber, não dirija.



ALGUMAS DICAS PARA EVITAR

PROBLEMAS



1-Ao sair para uma comemoração, você pode

sempre definir um “amigo da vez”, aquele

que não irá consumir bebidas alcoólicas

para dar carona aos demais.

2-Quando você organizar uma festa, faça sua 


parte para

diminuir o risco de motoristas alcoolizados.

Ofereça opções de bebidas sem álcool:

refrigerantes, sucos, água mineral,

ponches de frutas sem álcool.

3-Se algum de seus convidados estiver 


enbriagado, 

procure

evitar que ele dirija. Oferecer um lugar para 


que ele



durma na sua casa pode ser uma boa saída. 


Se a pessoa

insistir em ir para casa, garanta que

outra que não bebeu vá dirigindo.

4-Se você bebeu, não tem meio termo: você 


não deve

 dirigir.

Por isso, lembre-se: o álcool não combina com 


volante do carro.


FONTE:












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Tenha um dia abençoado e que as bênçãos de Deus sejam sempre frequentes em sua vida! Amém.

 
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