Entrevista com
Renato Prieto
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Escrito por Administração | |
Como foi a preparação para
interpretar o André Luiz?
“Eu fui submetido a todo o tipo de experimentação
para apresentar um resultado plausível do que
eles queriam dizer através do personagem André
Luiz. Eu cheguei a emagrecer quase 17 quilos e
ao mesmo tempo eu fazia um trabalho de 6 a 8
horas por dia de experimentação de textos,
comportamento. O Wagner sempre assistia,
dava opiniões, não foi fácil, eu tive que passar
por uma série de perdas, sofrimentos,
modificações. Eu tive que mudar a minha
visão interna para ver o mundo através dos
olhos dele. Então eu fiquei mais quieto e
observador. Foi um período que eu não quis
ter muito contato com o externo, com
pessoas que me trariam todos os
comportamentos do cotidiano,
mas sempre muito feliz. Eu estava
onde a vida tinha me levado, ao lado de
pessoas que estavam me ajudando a
chegar no meu objetivo, com todos
incentivando e colaborando, mas eu sabia
que a maior parte desse sacrifício
dependia de mim.”
Você já tinha pensado em
interpretar o André Luiz?
“Eu já tenho um projeto de vida, de
gostar do assunto. Eu acredito em
tudo o que é abordado dentro da
temática. Das coisas que eu fiz em
teatro, esse foi o único personagem
que eu nunca quis fazer. E podia fazer.
Em muitos casos eu tive o direito da
escolha e com a exceção de uma cena
que é psicografada pelo Chico Xavier,
nunca foi um personagem que eu
quisesse fazer e hoje eu acho que eu
entendo melhor isso. Se eu tivesse feito
o personagem André Luiz em algum
outro trabalho, em teatro, vídeo, talvez
eu tivesse me impregnado de
informações que eu teria que me
descasar delas. Eu achei ótimo que
tenha sido eu o escolhido, mas eu tive
que ralar para isso, ralei muito.”
Como foi a construção do
personagem junto à equipe?
“Eu acho que essa construção partiu de
todas as conversas que eu tinha com o
Wagner de Assis e o que ele queria dizer
e conversar com os treinadores.
Eu acho que a construção do personagem
partiu do meu corpo que foi modelado a
imagem e semelhança de um personagem
que não tem nada a ver comigo e que cada
um, desde o próprio André Luiz que contou
essa história através da mediunidade de
Chico Xavier até o Wagner junto com a
Vivian Perl que foram modificando o texto
e fazendo novos tratamentos, mas
principalmente ao Wagner, com quem
eu mantinha contato o tempo todo.
Eu deixei que meu corpo pudesse ser
modelado para chegar àquela imagem,
que depois, junto com o Vavá Torres que
fez todo o trabalho de transformação,
chegasse àquele resultado físico e artístico
que eles queriam. Se a gente conseguiu isso,
então conseguimos chegar em algum lugar.“
Quem é o André Luiz e como
ele foi para o Nosso Lar?
“O André Luiz é pseudônimo de um médico que,
nos anos 20 e 30, foi famoso no Rio de Janeiro.
Respeitado, ele tinha todos os conhecimentos
de medicina, se preparou. De repente, ele,
médico, casado, feliz, descobre que está com
uma doença incurável e morre. Quando ele
morre, exatamente por esse descompromisso
de não observar o que acontecia à volta dele
acaba perdido numa zona que, na
espiritualidade, a gente chama de Umbral
- uma região onde os espíritos de uma
certa ignorância moral ficam para resgatar
esses erros. Até um momento em que ele
não suporta mais o que está passando e
pede ajuda. Quando o trabalhador está
pronto, o trabalho aparece: ele pediu
ajuda e a ajuda veio.
O livre arbítrio é respeitado em qualquer
circunstância; desta forma, o dele foi
respeitado. Enquanto ele preferiu ficar
na escuridão, ficou. Então ele é
resgatado e levado para uma colônia
espiritual chamada Nosso Lar, onde
fica um período no hospital em
tratamento, se recuperando. Mesmo
voltando à sua imagem e semelhança,
ele não deixa de ser um pouco arrogante,
questiona, não quer falar com enfermeiros,
quer falar com superiores. Até que ele
percebe que, ou bota a mão na massa e
vai aprender ou vai ficar estagnado, este
é o livre arbítrio dele. Ele decide por a
mão na massa.”
Como foi a jornada de
aprendizado do
personagem?
“Uma vez recuperado no Nosso Lar,
ele começa a buscar caminhos de
aprendizado. Como medicina é o
que ele conhece, vai buscar trabalhos
com a enfermeira Narcisa, interpretada
pela Inez Viana, que mostra que a
medicina ali é diferente.
Ele começa a observar e a colocar
em prática uma mistura dos
conhecimentos que tinha na Terra com
os espirituais. A partir daí, começa a
crescer, até poder estar com a família.
Ele reencontra a família e vê que a
mulher está com outro, e isso o deixa
muito revoltado. Ele quase tem uma
retomada ao umbral, tal estado de
energia que ele se coloca. Mas, ele
exerce o perdão e começa a crescer
espiritualmente, pois coloca os
conhecimentos dele a serviço dos outros,
passa a olhar para todos os lados,
e isso faz com que o André Luiz esteja
hoje em uma condição espiritual
muito grande.
A trajetória dele é mais ou menos essa:
a morte, a incapacidade de se curar,
a vida na espiritualidade, o resgate de
si próprio, o crescimento espiritual e
até fazer sua caminhada em busca da
luz e colocar seu conhecimento a
serviço de todos.”
Qual é a sua relação com
a história de Nosso Lar?
“Este filme é a resposta de tudo que
eu acredito. Eu nasci acreditando em
tudo aquilo que está ali. Eu cresci
sem que tivesse nenhuma informação
a respeito disso, no entanto, aquilo
ali para mim sempre foi muito real,
sem que alguém me dissesse ou eu lesse.
Nosso Lar, a colônia, ou as histórias
parecidas à do Nosso Lar, são o
resultado de tudo o que eu sempre
acreditei, hoje acredito muito mais e
assim vou continuar por toda a eternidade.”
E como você acha que o
público vai entender
esse filme?
“Cada um de nós fez o trabalho para que
o público possa ter essa certeza de que
é possível fazer de sua vida melhor,
que a dor só chega se o amor não
chega antes. São muitos os
ensinamentos que vão ajudar
a cada um de nós a dar um
salto adiante.
Espero que, quando alguém
quiser colaborar de alguma
forma para o crescimento de
um próximo, dê de presente
o filme Nosso Lar, com a intenção
que este outro faça de sua vida melhor.”
FONTE: REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO
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