BEATITUDE CÓSMICA



 

BEATITUDE CÓSMICA

Poucos homens gozam de uma beatitude genuína, pura universal, uma delícia cósmica, porque não conseguem largar totalmente os estreitos litorais do apego e perder-se no vasto oceano de um desapego total  e incondicional. A sua consciente vontade doadora é sempre contagiada pelo inconsciente instinto recebedor. Querem ser doadores em 50%, 80%, 90%, mas nunca a 100%; guardam para o seu avaro e perverso ego uma certa porcentagem, mesmo que seja apenas 10% ou 1%; e assim o seu espírito doador não chega a ser total. São altruístas, mas não conseguem ser universalistas.

E isso por quê?

Não têm ainda a experiência total e absoluta da verdade sobre o seu Eu divino, onipotente, esse Eu que tem tudo e não necessita de nada. O ego, por ser fraco e necessitado, sempre especula por alguma recompensa, precisamente por ser um necessitado, pobre, indiferente. Quem deseja ser recompensado por SUS bondades é uni-egoísta-mercenário; quem deseja ser compensado prova que é incompleto; quem deseja ser pensado mostra que está doente, ferido, e necessita de alguém ou de algo que lhe pense as chagas.

Estranhamente, o nosso termo “ pensar” se refere tanto a um processo mental como a um processo corporal; tanto o ego mental como também o ego corporal deve ser “ pensado”, porque nenhum deles representa a saúde perfeita.

Quando o homem consegue desponjar-se em 100% de qualquer desejo de receber, mas só pensa em doar e se doar, então adquire saúde perfeita e força integral – e isso é amor genuíno.
Todas as tragédias conjugais nascem desse desamor ou pseudo-amor.

Deus dá tudo e não recebe nada – e todo homem é tanto mais divino quanto mais dá e quanto menos quer receber.

Querer-receber denota doença, fraqueza.

Querer-dar indica saúde e força.

O recebedor é um indigente, um necessitado – o doador é um rico, um milionário.

Entretanto, a Constituição Cósmica do Universo é de tal natureza que o doador total e incondicional é sempre um grande recebedor, queira ou não queira, saiba ou não saiba.

No plano material, dar quer dizer perder – no plano espiritual, dar quer dizer ganhar e possuir mais firmemente aquilo que se dá.

Dar ou doar não se refere, primeiramente, ao objeto que é dado, mas sim ao sujeito que dá; refere-se à disposição interna com que o doador dá o que tem e dá o que é. O doador é a medida da doação. O objeto dado reveste as auras e os fluidos do sujeito doador. Não é muito importante o que se dá – importantíssimo é como se dá. Um objeto dado de má vontade está impregnado dos fluidos negativos do doador, e só pode causar malefícios ao recebedor.

O objeto dado á algo quantitativo, neutro, incolor – mas o sujeito doador é algo qualitativo, positivo ou negativo, que dá cor ao objeto incolor. O doador imanta das suas auras positivas ou dos seus fluidos negativos o objeto dado. E se o recebedor desse objeto tiver alegria para esses elementos pessoais de que está impregnado o objeto impessoal.

O objeto doado é valorizado ou desvalorizado pelo sujeito doador.

“ Há mais felicidade em dar do que em receber.”

“Deus ama a quem dá com alegria.”

Aquele vintenzinho da viúva do Evangelho tinha mais qualidade positiva, mais valor qualitativo, do que todo o dinheiro dos outros doadores, cujas doações eram apenas quantitativas, neutras, ou até negativas.

Quem espera receber algo da natureza ou da humanidade é o ego humano, e não o Eu divino, porque este só recebe de Deus, do Infinito, a fim de o distribuir no plano dos Finitos. O homem tem, aqui na terra, a missão de receber do Infinito e distribuir na horizontal.

O receber do Infinito e o querer-dar no Finito é a própria natureza do Universo essência-existência. O Infinito, sendo absoluta Plenitude, não pode receber, porque tudo tem e tudo é; mas a sua natureza se revela em um incessante dar, em um fluir rumo aos finitos. Por isso, todo homem, quanto mais próximo está do Infinito, mais quer dar, e tanto menos deseja receber. E, segundo a Lei eterna, quanto mais liberalmente o homem dá aos Finitos, tanto mais abundantemente recebe do Infinito.

Deus é 100% doador e 0% recebedor; quanto mais o homem desperta em si a consciência divina – “ eu e o Pai somos um” – tanto mais é o doador e tanto  menos o recebedor.
Onde há abundância e plenitude, aí há irresistível transbordamento do Infinito rumo aos Finitos.

Se o sol não fosse plenitude de luz, não poderia iluminar os espaços cósmicos.
Se o mar não fosse plenitude de águas, não poderia inundar a terra, em forma de chuvas benéficas, distribuindo o seu conteúdo a todas as criaturas.

Quanto maior é o Ser do homem, menor é o seu desejo de Ter.

A mania de querer-ter nasce da pobreza do Ser.

Quem é alguém pela plenitude do Ser, de poucos Algos necessita ter o suficiente.
Os que hipertrofiam os algos atrofiam o Alguém – e, por fim, o Alguém definha e morre, asfixiado pelos algos.

Quando o Ser-Alguém sobe ao Zênite da sua potência, então o Ter-Algo desce ao nadir da sua impotência.

O pouquíssimo que Mahatma Gandhi deixou após a sua morte, prova o muitíssimo que ele era em vida.

Quando Jesus deu o derredeiro suspiro na cruz, não tinha mais nada, sequer as roupas do corpo, que já andavam nas mãos dos soldados romanos e, antes de morrer, desfez-se dos dois tesouros vivos que ainda possuía, sua mãe e seu discípulo amado – “ Eis aí teu filho – eis aí tua mãe!”...

E assim, plenamente liberto das coisas do ego humano, podia o seu Eu divino voar livremente ao Infinito – “ Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito...”

Pode-se dizer, em resumo, que toda a grandeza do homem consiste no grau de desapego voluntário por todas as coisas do ego, pois, segundo uma Lei eterna, a afluência da plenitude é diretamente proporcional à existência da vacuidade: o grau da presença corresponde ao grau da ausência.

A vacuidade, a ausência de apego, deve ser produzida pelo livre-arbítrio do homem; a plenitude, a presença da riqueza, é realizada pela Lei Cósmica, pelo Infinito, pela Divindade.
Se o homem conseguisse 100% de desapego voluntário, pelo Ser-Alguém, o Ter-Algo seria tão abundante na humanidade que o reino dos céus seria proclamado sobre a face da terra, aqui e agora.

E a Beatitude Cósmica seria gozada por todos os habitantes do globo.


FONTE: LIVRO O CAMINHO DA FELICIDADE
CURSO DE FILOSOFIA DA VIDA
HUBERTO ROHDEN
EDITORA: MARTIN CLARET

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