Os verdadeiros amigos

Os verdadeiros amigos

Na vida é assim, quem você pensa que não gosta de você é quem mais torce por seu sucesso e quem você pensa que torce por você, nem sempre é o que realmente aparenta ser.

Cresci a vida ouvindo meus pais falando de uma amizade bucólica, qual eles mantem alguns amigos que são de uma época que eles ainda eram crianças. Ate que eu cresci, entrei na adolescência, fiz boas amizades e ainda mantenho alguns poucos contatos que o tempo tratou de leva-los consigo. As pessoas por mais que se gostem, um dia a vida trata de nos separar, cada pessoa foi para uma faculdade diferente, se envolveram com ideias e projetos diferentes, o tempo encolheu, a vida se estendeu e a distância chegou. Ate que se entra na fase adulta com o romantismo da adolescência. Ainda uso tênis, jogo vídeo game, amo todinho, rôo unhas e as pinto só para tirar o esmalte durante a aula de sociologia, sou adepta da filosofia chinela havaiana...

Na adolescência minha única ambição era passar de fase no vídeo game e passar no vestibular, achava que ao entrar na faculdade a minha ambição seria apenas passar de semestre ate que a gente descobre que provas são risivelmente fáceis. Muitas teorias que as pessoas falam que é o marco da complexidade humana, pode ser tão legal quando ler o gibi da Mafalda e que entender a sociedade é muito pior do que passar nas provas, passar no vídeo game ou entender a teoria de Freud, Lacan ou qualquer outro “grande homem da humanidade”. E que as pessoas tem ambições diferentes do que você. Enquanto você quer apenas viver a vida e se deixar se surpreender, algumas pessoas infelizmente valorizam mais o poder do que a amizade.

Entrar na fase adulta é como se perder em Tóquio, é como entrar em um labirinto sem fim. Você nunca sabe quando a fase adulta vai acabar. Você sabe que ela pode ser longa ou se resumir ate o próximo semáforo da esquina. Ao contrário de sua adolescência, sua preocupação agora são maiores, suas responsabilidades multiplicaram por mais que seu trabalho seja moderno, jovem e divertido ainda assim você é um adulto e tudo mudou. Seus amigos mudaram, as pessoas agora tem ambição e infelizmente o mundo não é tão encantado igual ao mundo que é representado nos filmes da sessão da tarde.

Se eu soubesse que seria assim, não ficaria contando os meses ate chegar dezembro. As pessoas tem um fascínio por dezembro que se torna algo anormal. Mesmo sendo um mês do nascimento de Cristo. Tem horas que ate me pergunto: “Humanidade tem certeza que Cristo nasceu em dezembro?”. Se sairmos a rua em uma dia onde as pessoas colocam o conto da cigarra e a formiga em prática e compram tudo quem veem pela frente como se o mundo fosse acabar no dia seguinte, a probabilidade de você ser atropelado por sacolas é maior do que a probabilidade de você ser atropelado por um carro.

E ser atropelado é algo tão ambíguo, quando atravesso ruas movimentadas na cidade não me bate nenhum receio, mas quando atravesso algumas ruas da faculdade sempre tenho a sensação que o coringa irá aparecer, já que nem todos compreendem que dentro do campus tem que andar em velocidade reduzida e respeitar a faixa de pedestre. Já nas ruas, as pessoas ate que conseguem assimilar essa regra.

A gente estuda tanto para fazer uma prova que a própria vida tratou de nos ensinar. Que tudo é tão ambíguo e relativo, que tem argumento para tudo e que esse argumento pode tornar uma verdade em mentira assim como pode tornar uma mentira em uma verdade incontestável.

O primeiro preço a se pagar quando se vira adulto é descobrir quem são os seus verdadeiros amigos. É se surpreender com muitas pessoas e saber que muitas das pessoas que você não tem na lista de “Best friend forever” podem ser as pessoas mais fofas, as que mais te apoiam e as que vão te inspirar quando você tiver medo.

Quando a gente vira adulto, descobrimos porque é tão importante Deus e os livros. Alguns segredos e projetos a gente não pode sair por aí contando a qualquer amigo, mas a gente pode chegar para Deus e contar todos os detalhes como diz meu pai: “Projeto de curto, médio ou longo prazo”.

Quando adolescente eu perguntei ao meu pai: “Pai quais são seus projetos?” e ele disse: “Você quer saber quais: o de curto, médio ou longo prazo?” e eu retruquei: “E existe isso?”. Hoje eu entendo que alguns projetos a gente só realiza aos 60 anos de idade enquanto outros, se não fizermos agora talvez não façamos nunca mais.

E quando você vira adulto uma coisa que acontece com você do nada, você se lembra todas as lições que seus pais lhe disseram. Antigamente eu ficava me perguntando: “O que foi mesmo que minha mãe me disse?”, hoje, eu simplesmente penso: “Bem que minha mãe me avisou”.

O tempo trata de mudar todo o cenário, as vezes fico perplexa com o tempo. Me perco nessas fases da vida, porque muitas vezes ainda tento analisar as pessoas conforme a minha adolescência ate que depois de alguns dias - o tempo mais uma vez trata de ensinar, que essa fase acabou e com as fases tudo muda, ate as pessoas.

Por isso que não importa qual fase da vida você esteja, apenas entenda, quando menos você esperar você irá se surpreender. Coisas legais irão acontecer, novas portas irão se abrir, novos amigos irão chegar, alguns irão partir. Vai ter conflito de interesse, algumas vezes vão te julgar infantil por querer colocar o que seus pais te ensinaram em pratica, mas lembre-se valores são eternos e eles não se prendem a nossa idade mas ao nosso espírito.

Jéssica Cavalcante