A
felicidade estar em ser livre
Nosso espírito é livre, porém passamos a vida tentando nos acorrentar a algo, as
coisas ou nas pessoas. Chego a pensar que gostamos dessa condição
escravizadora, porque simplesmente nos apegamos e ainda assim quando nos
mantemos livres, tentamos nos apegar. Estamos sempre caçando algemas em
potencial.
Quando
gosto de uma frase, de uma musica, de um livro ou de um filme se eu pudesse
guardaria comigo para todo o sempre, é como se fosse perder aquela sensação
especial, ate que algo novo acontece e eis que essa sensação ressurge. Se eu
pudesse tatuaria em meu corpo todas as frases que eu mais gosto, colocaria na
cabeceira de minha cama todos os livros que eu amo, os filmes, os discos... Ate
que meu corpo não teria mais espaço para tantas frases, nem a cabeceira da cama
aguentaria de tantos livros e mais uma vez o prazer e o apego, ou o prazer que
o apego gera seria uma das tantas correntes que aprisionam o ser humano.
Com
tantas coisas legais acontecendo a todo instante e as pessoas ainda perdem
tempo bisbilhotando a vida alheia. Todos nós sabemos de ‘có e salteado’ os
pecados dos vizinhos, mas os nossos pecados ainda não descobrimos. E enquanto
isso, nos algemamos, nos escravizamos e assim vamos esquecendo de viver. Eu não
tenho medo dos meus erros, eu tenho medo quando as pessoas reparam muito em
mim, isso muito me preocupa pois é sinal que elas estão parando as vidas delas
e quando a gente esquece um pouco da gente é sinal que algo não vai bem.
Talvez
seja isso que falte na humanidade, falta a humildade de reconhecermos que nós
somos frágeis, suscetíveis a medos e a perigos, com erros e acertos... Às vezes
eu olho para as pessoas que são o pilar de algo, outro dia eu estava olhando
para o líder de uma igreja x de minha cidade e eu realmente tive muita piedade
dele. Sempre tem que passar a imagem de “autossuficiência” que sempre vai dar
tudo certo, não se pode dar o prazer de roer uma unha, da duvida, do frio no
estômago e de ser normal como qualquer outra pessoa.
Outro
dia, eu peguei ônibus e uma senhora sentou ao meu lado, eu estava lendo um
livro Budista, ate que ela telefona para alguém e ela começa a conversar,
lembro-me que na conversa ela disse: “fulana, ore para que essa criança que vai
nascer não seja nenhum espírito ruim”. E eu fiquei pensando, geralmente os
conflitos com os filhos ocorrem por causa das relações interpessoais e não só
pelo fato que uma criança “nasceu com um espírito ruim”. Mesmo eu acreditando
em reencarnação e que algumas vezes algum karma pode vir em nossa família,
ainda assim, como lidamos com alguém é muito significativo.
Então eu
pensei: “Será que meus pais oraram para meu espírito não ser inimigo deles de
uma outra vida?”. É! Andar de ônibus tem dessas coisas, a gente se depara com
muitas pérolas e que nos fazem repensar a nossa condição humana. Confesso, que
a única hora de meu dia que penso na minha vida é quando entro dentro de um
ônibus e percebi que estou sendo mais grata ao presente, tenho tido menos
ansiedade a respeito do futuro, tenho revisto meus critérios, meus gostos, meus
planos e ate meu corpo.
Estar em
um ambiente com um monte de gente desconhecida é como perceber o quão o mundo
tem inúmeras possibilidades, o quanto que a vida é mágica e quanto nós podemos
ser livres. Tenho adotado para minha vida, a prática da fé livre, que nada mais
é que misturar muitas ideias, muitos santos, muitos mantras e muitas alegrias.
É bom ter fé em Buda, Ganesha, em Gaia e em Deus. Confesso que estou mais
feliz, pois assim tenho aprendido mais sobre as culturas e refletido mais
quanto a sua filosofia. Além de que, não perco tempo refletindo o que de fato é ou não
pecado. Para mim, pecado é desonestidade, mau-caratismo, falta de amor, é não
viver a vida poeticamente, é desperdiçar a vida – é censurá-la, é deixar de ser
você mesmo. Isso é o pior dos pecados, o de não amar a própria vida.
Jéssica
Cavalcante
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